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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Capítulo 15- Russian Roulette.


P.O. V Justin
“É como se você gritasse, mas ninguém pudesse ouvir. Você sempre se sente envergonhado por alguém ser tão importante daquele jeito, que sem essa pessoa você se sente um nada. Ninguém nunca vai entender o quanto isso dói. Você se sente sem esperança, como se nada pudesse te salvar. Tudo se foi e está acabado, você quase deseja ter todas aquelas coisas ruins de volta, só para com elas virem às boas junto.”
Cores, luzes fluorescentes e fumaça de cigarro. Corpos me rodeavam, acelerados e cheios de vida. Eu podia ver a cor de todas as auras das pessoas naquele lugar: Uma mistura de um amarelo com vermelho. Alegria, amor, paixão e sedução. E quando eu olhava para mim mesmo, me analisando, não encontrava aura nenhuma, sem vida e sem alma. Era assim que eu estava, assim que me sentia. Totalmente perdido, e quanto mais gritava por socorro, mais me sufocava em silencio. Não sentia nem a pulsação do meu coração, apenas por pensar que o dela não batia mais, por minha causa. Era algo impossível de acontecer, era como se, de um dia pro outro, você descobrisse que sempre foi um bonequinho controlado por gigantes que viviam em um planeta distante. Impossível e complexo demais pra qualquer mente humana.
Estava sentado em um sofá de couro enquanto varias mulheres me rodeavam. Todas com a aura de uma cor chamativa, todas desejando o poder, a luxuria. Eu simplesmente não ligava, apenas queria ficar ali sentado, sem conseguir me levantar, dar um passo sem cair. O mais irônico de tudo era, que eu realmente era um idiota que achava que não podia sentir nada além de posse por alguém. Meu relacionamento com Selena sempre foi de posse certo? Eu a achei por acaso, tive o melhor sexo da minha vida e quis ajuda-la a mudar de vida, ela era uma mulher tão especial e não merecia a vida fodida que levava. Esse era o meu objetivo, deixar ela com uma vida melhor, foder a hora que eu quisesse e mantê-la ao meu alcance para saciar minha sede de posse doentia. Mas me envolver não estava em meus planos, meus sonhos ou meus pesadelos. Nem uma conversa eu pretendia manter com ela, deixar alguém tão inferior como ela entrar em minha vida era ridículo. Então, por que eu deixei, mesmo assim? Ela me passou algo estranho, algum sentimento reconfortante que sempre me fazia ser sincero, me preocupar ou sorrir sem nem perceber. Isso era coisa de mulherzinha, ou homem que não tem uma vida boa o suficiente e tem que se ocupar com relacionamento. Eu tinha uma vida, tinha negócios pra cuidar, eu não tinha tempo e nem vontade de ter algo a mais que uma relação carnal com alguém. Eu nunca me importei em matar pessoas. Já matei gente que mereceu, torturei ou matei por diversão, já tirei a vida de pessoas inocentes, destruí famílias. Mas matar ela tinha abalado com todas as minhas estruturas, doía tanto que eu pensava não sentir mais nada. Pela primeira vez em toda a minha vida de merda, eu estava me achando um merda.  Eu sentia nojo, raiva e estava tão decepcionado comigo mesmo que podia afirmar com todas as letras que trocaria tudo que eu tenho pra tê-la de volta.
(...)
Duas semanas depois...
 O toque alto do meu celular interrompeu todo o meu sonho (ou pesadelo). Bufei alto abrindo os olhos de imediato e sentindo minha cabeça explodir. Passei a mão pelo criado mudo derrubando uma garrafa de água e logo achando o celular, olhei no visor sentindo minha cabeça doer cada vez mais, era Ryan.
__Que foi?
__Acordou com o pé esquerdo foi Bieber?
__Eu nem tive tempo de tirar o pé da cama, seu cabaço.
__Foi mal. Só liguei pra avisar que estamos te esperando na boate, você não pode viver de ressaca, meu irmão. Temos um assunto sério pra tratar.
__Me manda um cartão postal que eu respondo depois.
__Isso é sério, Justin. Cara, estamos tentando fazer vista grossa com você... Mas ta todo mundo abalado e isso ainda está interferindo nos nossos negócios. Se você não aparecer por aqui em meia hora, te cortamos da jogada.
__Ta bom, Ryan. – Desliguei o telefone e o joguei contra a parede.
As coisas estavam fora de controle, admito. Não conseguia mais me concentrar nos negócios, por puro relaxamento mesmo. Era bem mais fácil viver na farra e usar a desculpa que eu estava emocionalmente abalado do que trabalhar. Eu já havia superado, talvez nem havia começado a sentir algum tipo de dor. Ela era insiginifante para mim, quando estava viva, então por que seria diferente agora com sua morte?  
Tomei um banho rápido e gelado apenas para acordar e vesti uma calça jeans e um casaco de couro devido ao frio que dominava as ruas de Nova York. Parei na frente do espelho para arrumar meu cabelo quando mais uma vez fui interrompido pelo meu celular. Eu ia matar esse filha da puta do Ryan.
__O que você quer agora, porra?
__Justin? Filho? – Uma voz doce e emocionada soou do outro lado da linha.
__Ah, oi mãe. Ta me ligando por que?
__Me certificar de que você ainda está vivo.
__Há, que engraçada dona Pattie. Tudo bem por aí?
__Por aqui não, por aí. – Ela deu uma risada baixa e eu fiquei sem entender. – Estou bem sim... E seu pai também está bem. Estamos voltando hoje de viagem, só queria te avisar.
__Tudo bem. Eu tenho coisas mais importantes pra resolver agora, mas pode passar aqui em casa hoje a noite.
__Ah é verdade... Você já se mudou... – Sua voz parecia chorosa, ah não... – Tchau filho, até depois, te amo muito.
__Tchau, mãe.
Finalizei a ligação suspirando alto. Era tudo que eu mais queria agora, meu pai de volta cheio de cobranças e minha mãe no meu pé me investigando. Eu estava literalmente fodido.Peguei o primeiro óculos escuro que achei e a chave do Fisker, indo direto a boate. Coloquei o som no último volume, acendi um cigarro e meti o pé no acelerador. Estava na hora de voltar a ativa, caro Bieber.
Adentrei a famosa boate principal observando algumas putas fazendo a limpeza do lugar e subi direto ao escritório, onde os meninos me aguardavam.
__Eaí, Drew. – Cumprimentei um por um e fui até minha cadeira, tirando os óculos e colocando os pés em cima da mesa.
__Anda, fala logo o caralho que anda acontecendo por aqui porque tenho algumas coisas pra cuidar.
__Invadiram a boate ontem a noite, levaram metade da grana dos caixas e mais algumas vadias. – Ryan disse sem expressão alguma.
__O QUE? COMO ISSO FOI ACONTECER? COMO VOCÊS DEIXARAM, CARALHO?
__Os caras estavam disfarçados Bieber. Pagaram as vadias pra consumo pessoal e reservado e depois roubaram o caixa aonde tinham depositado o dinheiro e mais 30%.
__E pelo menos descobriram quem foi? Alguma digital? – Perguntei nervoso.
__Não foi preciso. Um dos homens deixou um envelope com a recepção endereçado à você. – Chris se manifestou me entregando o envelope. – Não abrimos, estávamos te esperando. Mas temos certeza de que foi a gangue, pelo X quase invisível que tem no canto direito. – Peguei o envelope na mão analisando o local aonde havia o X e depois o abri.
“Nem precisei matar a vítima número 2 da lista, você mesmo já pulou algumas etapas para mim e fez isso por você mesmo. Quer que eu agradeça, prossiga ou te entrega a lista completa? Quem sabe assim você não me ajuda a acabar com a vida de todos ao seu redor?
Te vejo por aí, Bieber. É uma pena que você não possa dizer o mesmo.”
Terminei de ler o bilhete e podia sentir meu sangue ferver por todo o meu corpo. O amassei e o joguei com força na parede. Me levantei da cadeira indo em direção a porta.
__Hey, espera aí, Justin. Aonde você vai?
__Resolver alguns probleminhas pendentes. Eu quero que você Drake, e você Lil, rastreem todo esse lugar, achem qualquer coisa nesse bilhete, que possa ajudar a descobrir quem nos roubou. Se concentrem nisso.
Fui descendo as escadas e em um piscar de olhos já estava fora da boate, estava agindo por impulso e sentia meu coração bater mais forte do que o normal.
Destravei o carro quando senti alguém tocar meu ombro com força, olhei para trás avistando Ryan com uma cara de preocupado.
 __Você não pode sair assim, ir fazer merda sem nos falar nada. Somos uma equipe Justin, temos que nos concentrar no mesmo objetivo.
__Temos um objetivo caçar e matar esses filhos da puta, o que eu vou fazer é só um detalhe.
__Você não entende? Eles vieram até aqui, roubaram um valor insignificante só pra ter um motivo para entregar o bilhete. Temos que nos concentrar em um plano novo para tirar a carga dos governadores e você quer se concentrar nesse atacado de merda?
__Ryan, você não vai me dizer o que fazer, nem me dizer sua opinião, porque eu to me fodendo pra ela e pra tudo que envolve você, ou o que faz ou pensa. Será que da pra entender isso? Você não quer acabar com a raça desses desgraçados? Quer encobrir eles? Perdeu a honra da nossa gangue meu irmão?
__Não é nada disso Justin. Deixa de ser tão cabeça dura, não vem com esse papo de honra porque honra não tem nada a ver com a sua raiva desnecessária.
__Você não me conhece Ryan, não ouse falar o que eu estou pensando ou não.
__SIM, EU TE CONHEÇO PORRA! – Ryan gritou perdendo o controle. – TE CONHEÇO E SEI O PORQUE DE VOCÊ ESTAR ASSIM, EU LI O BILHETE, VOCÊ QUER SE SAIR POR CIMA DESSA, QUER ARRANJAR UM MOTIVO PRA DESCONTAR SUA FRUSTAÇÃO DE TER PERDIDO A SELENA, EU TE CONHEÇO CARALHO E CONHEÇO MUITO BEM.
­­__Não viaja, seu merda. Já mandei você calar a porra da boca, não quero arrebentar tua cara. To fazendo isso pela nossa gangue, pelo nosso império.
__NÃO!  VOCÊ TA FAZENDO ISSO PORQUE ELES FERIRAM SEU ORGULHO, FERIRAM ELE QUANDO ATACARAM A BOATE, QUANDO A SELENA FOI MORTA NA ÁREA DELES, QUANDO ELES DEIXARAM AQUELE MALDITO BILHETE! É POR ISSO QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO TODA ESSA MERDA.
__SE VOCÊ ME CONHECE TÃO BEM, RYAN, DEVERIA SABER QUE ELES FERIRAM BEM MAIS DO QUE O MEU ORGULHO. – Suspirei alto e arragalei os olhos na hora. Eu não pretendia falar aquilo, apenas escapou. – Você deveria saber. – Disse nervoso olhando nos olhos de Ryan que me encarava perplexo e entrando no carro, sem dar mais tempo para ele falar algo.
P.O.V Chaz
__Chaz, eu e Lil estamos indo atrás de uma das pistas de quem invadiu a boate ontem. –Drake me avisou. – Você pode entregar a propina pros policiais do porto?
__É... Não vai dar, dude. Pede pro Chris fazer isso. Tenho algumas coisas sérias pra resolver.
__O que você vai resolver? – Twist perguntou.
__Assunto meu cara, não enche o meu saco não. – Disse e bufei nervoso, saindo do escritório e indo até meu carro.
O vento que pousava sobre Nova York nunca esteve tão gelado, o clima em toda a cidade nunca estava tão morto, tão pesado. Eu sabia que Selena fazia falta ao Justin, alías, a quem ela não fazia falta? Justin só era muito filho da puta pra admitir isso. Em pensar que ela sempre pertenceria a ele, em lembrar de todas as nossas conversas e de como os olhos dela vacilavam quando ela falava sobre seus sentimentos. Bieber era o lobo mal de qualquer conto idiota de menininhas inocentes e isso servia para Selena também, ela era uma menina doce e inocente presa no corpo de uma mulher forte e sensual. Dava pra ver o porque dele querer se apoderar dela de certa forma que a arrastou para sua gaiola de ouro, ela era um troféu e tanto para ele exibir e amaciar seu ego. Selena tinha se apaixonado tão rapidamente e caído nas garras dele sem nem perceber o quão doentio ele era, em relação a ela e ao mundo.
O fato era que, Justin não tinha coração, nem ao menos tinha alma. Ele tinha vendido todo o seu lado puro para o Diabo e se entregue apenas ao lado escuro e sombrio de sua vida. Justin pertencia ao sentimento de ganância e somente a ele, ele sempre queria mais, se apoderar de mais, ser o “mais” da situação.
E Selena tinha amado aquele babaca. E do outro lado, em um canto escuro repleto de medo e covardia, estava um outro babaca que estava aprendendo amar. Muito prazer, sou aquele otário que aprendeu a amar a mulher proíbida. A mulher que sempre estaria morta para mim, pois sua alma e seu coração estavam tentando arranjar um espaço na vida infernal de Justin Bieber. Não que eu não esperesse por isso, eu nasci sabendo que a lei dos fracos e dos fortes sempre existiria e que nem sempre eu seria o mais forte. Eu só não estava esperando o “sempre’’ se tornar concreto e se juntar com o adjetivo fraco. Era assim que eu me sentia diante de Justin e Selena, o sempre fraco.
Estacionei o carro a algumas ruas do lado clandestino de NY e fui caminhando com as mãos no bolso até o bairro onde costumava ficar as cinco gangues antigamente. Sorri com aquele pensamento, o que eu não daria para viver naquela époica...
Entrei em mais algumas ruas, cada vez mais estreitas, olhando sempre para trás. A sensação de que alguém estava sempre com os dois olhos pregados em mim me perseguia, mas talvez fosse apenas a pressão que eu estava enfrentando nessas últimas semanas.
Depois de mais uns 10 minutos andando por uma parte apenas de contruções abandonadas daquela região, cheguei ao meu destino. Dei a volta no prédio antigo e mal acabado, encontrado outro pequeno edifício velho e de apenas três andares. Ele ficava no fundo de uma rua sem saída, inabitada e ficava escondido em meio a tantas contrugões grandes e árvores. Peguei a chave do bolso do casaco abrindo a porta de madeira velha do prédio e subindo as escadas, no escuro.
Cheguei ao terceiro andar, destrancando mais uma vez uma porta de madeira antiga e antiguada, encontrando a luz da sala acesa e uma movimentação no sofá velho.
__Hey Sel, como se sente? – Perguntei sorrindo e ela sorriu de volta, jogando no chão o cobertor que a cobria e acenando com a cabeça.