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segunda-feira, 25 de março de 2013

Capítulo 14- If I Lose Myself.


P.O.V Selena
“Respire Selena, apenas respire.” repetia para mim mesma enquanto estacionava o carro duas ruas antes do antigo Fórum de NY. Caminhei em passos rápidos e atrapalhados, mas era tarde demais pra desistir. Aquele lado da cidade era pouco frequentado, já que havia sido esquecido por todos os moradores desde um incêndio a cerca de 30 anos atrás, o grande e velho prédio estava desmoronando, e eu sentia uma grande semelhança entre nós dois. Quanto mais me aproximava daquela região, mais sentia uma sensação ruim tomar conta de mim, má intuição e o que mais me assustava era que minha intuição nunca falhava. Encarei a grande faixada de tijolos já desgastada pelo tempo e a falta de manutenção e mais uma vez me lembrei de respirar, fechando os olhos com força e os abrindo alguns segundos depois. Guardei meus óculos de sol em minha bolsa e atravessei a rua. Logo na escadaria do Fórum havia vários homens, todos bem vestidos e em um canto do jardim podia enxergar uma obra sendo feita.
__Pois não, senhorita? – Um homem bem vestido, porém sem pelo menos três dentes tocou meu braço me fazendo gelar. Ele tentou parecer formal e gentil, mas eu conhecia aquele tipo de pessoa desde que nasci àquilo era um capanga, provavelmente um dos que recebem pra fazer o trabalho sujo. Arqueei uma sobrancelha pensando no que aqueles homens e as obras podiam representar. Uma faixada, talvez?
__E-Eu... – Precisava pensar rápido, rápido demais pra mim. – Sou uma jornalista local e queria fazer uma reportagem sobre essa obra, pode me ajudar? – Foi à primeira coisa que passou pela minha cabeça, mas sabia que ele cairia.
__Ah claro, me acompanhe. – Dito e feito, pensei comigo mesma e sorri. – A obra vai revolucionar a cidade. Essa empresa vai chegar com tudo.
__Empresa?                                                                   
__Sim, empresa de tecnologias diretamente da China. – Ele sorriu e eu sorri nervosa, mas o homem já estava me levando até dentro do prédio. Score! – Espere. A senhorita é jornalista de onde?
__É... É... New York Times. – Sério Selena? New York Times estaria interessado em algo que se mal havia notícias?
__E você não sabe do que se trata sua matéria?
__Sou estagiária, estou tentando conseguir um aumento depois dessa entrevista na verdade. – Fiz minha maior cara de estudante inocente. – Por favor, é muito importante pra mim, senhor.
__Ah, claro. Vou te levar até o chefinho... Digo, o presidente da empresa. – Sorri vitoriosa sabendo que o homem não poderia me ver. Isso era maravilhoso! A sensação de estar no controle me dominava de novo e eu estava a esperando de braços abertos.
P.O.V Justin
_CONSEGUI! – Drake gritou de sua mesa e me aproximei dele observando a tela do computador. – Invadi o sistema deles e descobri que a central dos carregamentos fica no antigo Fórum.
__E daí? Não precisamos do carregamento deles, temos muito mais. – Chaz disse viajando e eu revirei os olhos. Ele com toda certeza estava na minha lista negra há dias.
__Se você passasse mais tempo por dentro dos nossos planos e menos tempo grudado na Selena ia saber por que isso é importante, otário.
__Não comecem caralho! – Ryan disse nervoso e eu apenas bufei olhando com o canto do olho para Chaz.
__Como eu ia dizendo... – Drake continuou. – Como o fluxo do carregamento deles está lá, eles estão com segurança total. Tentei invadir o sistema de segurança pra descobrir quem entra e sai, mas não deu certo. – Ele parecia frustrado, mas eu já tinha informação o suficiente.
__Isso quer dizer que a maior parte dos caras está lá?
__Podemos deduzir que sim, mas não é certeza.
__Não tenho tempo pra confirmação agora, vamos agir. – Sorri de lado. – Nem que seja pra colocar fogo em toda a farinha que eles chamam de pó.
__Como assim, dude? – Ryan perguntou. – Você quer incendiar o Fórum?
__Sim. Vamos acender fogo em tudo. Deixar o lugar em chamas. – Bei sorriu pra mim, ele se encarnava em explosões e incêndios.
__Estamos esperando o que porra? – Bei falou alto e empolgado. – Já posso ir arrumando nosso material?
__Eu acho isso loucura. – Chaz disse e eu bufei olhando pra ele. – Vocês querem mesmo acabar com o único lugar em que poderíamos encontra o chefe?
__Se você ainda não percebeu, o único burro aqui é você. – Falei. – Nós vamos se infiltrar no prédio antes, se houver apenas carregamento e gente inútil, vamos queimar tudo. Se algo nos interessar, levamos com nós.
__Ih cara, acho isso perigoso demais. – Ryan falou entrando na onda de Chaz. Comecei a ficar nervoso, odiava quando não confiavam na minha capacidade de desenvolver um plano. – Não podemos dar uma falha sequer nisso, é muito arriscado. Esqueceu futuro governador?
__CALA A PORRA DA BOCA, RYAN! – Passei as mãos pelo cabelo. – VOCÊS ACHAM MESMO QUE EU NÃO PENSEI EM TUDO? QUE VOU DEIXAR NÓS PISARMOS EM FALSO? VOCÊS NÃO ME CONHECEM MAIS, PORRA?
__Eu tô com o Justin, mano! – Chris levantou o braço e eu troquei um olhar em agradecimento com ele, enquanto Chaz murmurou um “Paga pau”. – Paga pau é o caralho, Somers! Porra, o que adianta favorecer eles? Deixar eles com propina e droga estocado? Deixar mais funcionários desse merda circulando pela nossa área? Meter fogo é eficiente e mal vamos sujar nossas mãos.
__Exatamente! Finalmente alguém nesse galpão cuja fumaça do baseado não está afetando o cérebro! – Fiz um toque com Brown.
__Eu nunca disse que era um plano ruim! – Ryan disse na defensiva, eu sabia que ele odiava ficar contra mim. – Só disse que é arriscado. Mas vai, que se foda, eu topo. – Sorri o incentivando. – SE fizermos tudo muito bem pensado antes.
__Então, todo mundo dentro? – Incentivei e Ryan, Bei e Chris e Drake assentiram. Olhei com o rabo do olho para Chaz. – E você Somers? Vai continuar com essa cara de bunda ou vai se juntar aos mais espertos aqui?
­­__Ainda acho uma má ideia. – Chaz disse emburrado. – Isso vai acabar em merda, mas se eu me foder, vocês vão também. – Ele acabou rindo no final e eu troquei um sorriso cúmplice com ele. Apesar de tudo, ele e Ryan eram os que me conheciam desde criança, nós sempre topávamos tudo um com o outro.
P.O.V Selena        
Não aguentava mais ouvir o tal de Garrick me enrolar, falando sobre a tal nova obra. Lembrava-me do rosto dele de uma das fichas dos principais, acho que ele era o chefe da segurança, mas precisava agir logo antes que dormisse ali ou abandonasse tudo por puro tédio. Fingia estar anotando algumas respostas e anotações para a minha tal entrevista, mas aquela sala estava me dando agonia. Não podia notar nada de suspeito ali, era realmente um escritório de uma empresa de tecnologias. Eu precisava conhecer os fundos do prédio, ou chegar até o último piso, onde eu deduzi que tudo acontecia.
__Pois bem. – Suspirei alto, já com dor de cabeça e interrompendo brutalmente a fala do Garrick. – Acho que já tenho bastante informação sobre a empresa. Mas eu precisava mesmo de uma entrevista com o presidente.
__Isso vai ser impossível senhorita, ele é realmente muito ocupado.
__Mas, por favor, é realmente muito importante pro meu estágio, é minha chance e...
__NÃO SERÁ POSSÍVEL SENHORITA. – Garrick falou de um tom bruto, o tom que ele devia usar quando não estava atuando, e depois sorriu. – Posso ajudar em mais alguma coisa?
__Na verdade... – Me levantei e notei seus olhos por todo o meu corpo, ele estava tentando arrancar alguma resposta minha pras suas cantadas ridículas aquele tempo todo, e eu daria isso a ele. – Eu gostaria de conhecer o prédio.
__Ah, também não sei se posso fazer isso, sabe como é, reforma total.
__Sabe o que é? – Perguntei o encarando nos olhos fazendo uma cara de inocente. – Ai meu Deus, estou tão envergonhada em contar isso, mas tudo bem vou falar! – Olhei para o chão fingindo timidez e depois encarei o armário com vida própria a minha frente, pegando uma mecha do cabelo e a enrolando no dedo indicado. – É que eu já tenho informações suficientes, mas gostei tanto de falar com você, Gar! – Sorri sensualmente-ou pelo menos tentei-. – Posso te chamar assim? Queria tanto passar mais um tempo aqui... Desculpe.
__Ahn... É... Claro, princesa, também adorei conversar com você. Realmente uma moça muito... – Ele encarou meus peitos através do decote da minha blusa. – Muito encantadora. Acho que uma passeadinha não faria mal a ninguém não é mesmo? – Sorri ainda mais o incentivando. – Vamos, vamos nos conhecer melhor. – Ele se levantou e passou o braço pela minha cintura, o cheiro do seu perfume barato invadiu minhas narinas. Oh, o que minha curiosidade não faz!
P.O.V Justin                                                                                                                                                                                   
__Então é isso, nós invadimos o Fórum pelos fundos, Bei e Chris entram e instalam os explosivos. Ryan e Chaz conferem se não há nada demais no prédio e dão o sinal para Bei ativar tudo e eu fico na van com Drake para controlar todas as salas e me comunicar com vocês. – Disse saindo do galpão e vestindo minha jaqueta de couro, quase que da sorte.
__Justin! Sua escuta, bro. – Drake me jogou o pequeno ponto com o microfone e eu o passei por debaixo da blusa, ligando tudo corretamente.
 Depois de todos terem testado as escutas e carregado às armas, entrei no meu carro sendo o primeiro a dar partida. Estava com uma sensação estranha, minhas mãos suavam e eu precisei acender um cigarro pra controlar minha ansiedade. Eu sabia que não era medo ou nervosismo, era a adrenalina, a ansiedade pra detonar aquilo que tirava meu sono há semanas. Ryan vinha logo atrás de mim e Chaz vinham ao meu lado, os outros estavam em seus respectivos carros todos seguindo uns aos outros. Apesar de realizarmos as missões em duplas, cada um havia seu carro pra fuga ser mais eficiente e com mais segurança. Aumentava cada vez mais a velocidade do carro, o fazendo voar na pista. As janelas estavam abertas e o Lil Wayne gritava no meu ouvido, eu amava dias como aquele. Não importava o quanto minha vida era sinistra, o quanto meu pai era um filho da puta, minha mãe era uma vadia medrosa ou o quanto cresci com uma mente perturbada, era aquilo que eu gostava de fazer e morreria fazendo aquilo, porque morreria feliz. A sensação de poder, a adrenalina, a sensação de ser bom em algo, ela me atingia toda vez que eu abria um malote de dinheiro. Dinheiro sujo não era nada comparado às pessoas sujas que eu cresci convivendo, eu era limpo. Cheio de dinheiro, droga e uma mente controladora e viciada em sexo, mas eu era limpo comparado aos canalhas que conheci em toda minha vida. Quando estava indo a um roubo, a um plano desses, nada mais importava, era eu e o meu objetivo. E nada ia mudar isso, essa era minha vida e eu sentia orgulho dela. Aprendi a crescer e viver sozinho e eu amava essa sensação, de poder se independente, de ser melhor que todos os outros.
Meu sorriso quase saía do meu rosto quando eu enxerguei o Fórum logo a minha frente. Dei a volta na rodovia pegando um atalho que tinha descoberto alguns dias atrás e cheguei ao fundo do prédio, há alguns metros de distância do local. Saí do carro terminando meu último cigarro enquanto os moleques já estacionavam e se aproximando. Bei e Chris traziam maletas e usavam suas roupas pretas assim como Ryan e Chaz.
__É AGORA, CARALHO! – Ryan gritou animado e eu ri, jogando o cigarro no chão e o apagando com a sola do sapato.
__ Vim regulando as câmeras há um tempo e tá tudo em cima. – Drake nos avisou abrindo a van e já pegando o seu computador. – Tenho o controle de todas as câmeras de segurança do prédio e eles nem perceberam eu me infiltrando ali.
__Podemos entrar? – Bei perguntou e Drake assentiu, testando mais uma vez as escutas deles. – Eu quero as cinzas desses filhos da puta nos meus pés. – Ele disse e saiu correndo junto com Chris enquanto eles entravam por uma grade onde não havia segurança alguma.
__Senta aí, Bieber, fica de olho nessa parte do prédio enquanto e se comunica com o Chaz e o Ryan. – Drake me entregou um computador quando entrei na van e me jogou um microfone.
__Nos desejam sorte! – Chaz falou e colocou a toca, tapando seu cabelo comprido de viadinho.
__Não precisamos de sorte porra nenhuma. Somos fodas de nascença. – Ryan falou convencido e eu ri dos dois enquanto eles se afastavam, se infiltrando no antigo Fórum também.
P.O.V Selena                                                                
Garrick não parava de falar e tentar me agarrar, enquanto eu disfarçava e olhava em volta. Precisava de um jeito de ir até o andar de cima, não aguentava mais andar em círculos. Sabia que lá em cima encontraria o que tanto estava procurando, ou pelo menos pistas disso.
__Tem certeza que não podemos ir lá em cima, Gar? – Perguntei passando os braços pela sua nuca e ele sorriu safado pra mim, mas logo depois desmanchou o sorriso e se afastou de mim.
__Não e desculpa princesa, se alguém me ver aqui com você, eles cortam meu pau fora.
__Oh, isso seria uma pena. - Encostei-me à parede, o puxando pelo paletó. Estava com nojo de mim mesma, mas precisava focar nos meus objetivos. – Não tem nenhuma sala onde podemos ficar assim... Mais a sós?
__Ahn... – Ele coçou a cabeça, sabia que estava louco pra isso. – Tem sim uma sala lá em cima... O depósito.
__Lá em cima? – Sorri vitoriosa, mas logo disfarcei ainda o puxando pra perto, agora sussurrando em seu ouvido. – Me leva lá, vai. Eu não aguento mais ficar aqui com você tão perto sem poder te... Te tocar de verdade. – Sussurrava com a voz mais rouca que conseguia e ele soltou um gemido.
__Ah, foda-se. Vamos subir pela escada de incêndio. – Ele sorriu safado e eu sorri também, estava com tanto orgulho de mim mesma.
Assim que chegamos á porta da escada de emergência, fechei a porta da escada e puxei Garrick pela jaqueta, começando um beijo selvagem, porém sem nenhuma emoção da minha parte. Tirei sua jaqueta e quando ele estava posicionando suas mãos em minha cintura, dei uma joelhada com toda a força que tinha em suas partes íntimas, o fazendo cair no chão e urrar de dor.
__MAS QUE PORRA É ESSA? – Ele gritou e eu não podia desacelerar agora. Me agachei ficando na sua altura enquanto ele ainda massageava suas bolas e como ele estava sentado antes do primeiro degrau, o empurrei com força, fazendo suas costas e sua nuca bater nos degraus acima dele. Senti dó e até uma maldade que não vinha de mim, quando o vi desacordado no chão.  Saí correndo escada à cima, até chegar à porta de emergência. A abri rapidamente, mas logo depois parei pra respirar e coloquei os óculos escuros, tinha que parecer o mais normal possível. Não havia ninguém no corredor, e todas as salas estavam fechadas. Minha respiração ainda estava descompensada e meu coração parecia que ia sair pela minha boca. Fui caminhando em passos largos até o final do corredor, onde achei o tal depósito. Entrei lá dentro, precisava pensar no que fazer ou em que sala entrar. Esperei minha respiração voltar ao mais normal possível e abri a porta, observando todo o corredor e o vendo vazio mais uma vez. Todas as portas pareciam trancadas, porém sem ninguém, aquele lugar parecia desabitado. Ouvi algumas vozes e voltei para o depósito fechando a porta com força e a trancando, tentando escutar as vozes através da porta.
Eu deveria estar ficando louca, mas poderia jurar ter ouvido a voz do Chaz. Devia ser alucinação da minha cabeça, pelo meu nervosismo. Assim que ouvi as vozes e qualquer tipo de barulho desaparecer, saí do depósito mais uma vez. Abaixei observando a fechadura da primeira porta, a mesma estava destrancada, porém as luzes pareciam apagadas. Ajeitei a arma que tinha achado no escritório do Justin na minha cintura, por debaixo da minha blusa e abri a porta com força, com os olhos fechados. Segundos depois os abri, tentando enxergar algo pela luz que vinha da janela. A sala estava realmente desabitada, fechei a porta atrás de mim e a tranquei, ainda tremendo. E o que eu fazia agora? Olhei em volta vendo apenas móveis de um escritório normal. Armários, uma escrivaninha, porém sem nenhum computador ali. Abri o primeiro armário, estava vazio. O segundo havia apenas papéis de contas, provavelmente falsas, da também falsa empresa e processos antigos do Fórum. O último armário, porém, estava trancado. Forcei a fechadura várias vezes, mas nada fazia abrir. Fiz um coque frouxo no cabelo e fechei os olhos, massageando minhas têmporas com os indicadores. ‘‘Pensa Selena, você chegou até aqui, não vai sair de mãos vazias.”  Procurei um grampo na bolsa e tentei fazer o truque dos filmes de espiões que havia assistido. Isso era ridículo, era óbvio que eu não conseguiria abrir. Aquilo não era um filme, as coisas eram muito mais complicadas. Olhei pela janela tentando pensar em mais alguma opção, porém nenhuma luz me atingia. Senti a arma gelada tocar minha pele e a peguei, a observando em minhas mãos. Eu não sabia usar aquilo e esperava nunca ter que usa-la como ela deveria ser usada. Encarei a arma mais uma vez e depois o armário, e a ideia mais inusitada e ridícula me passou pela cabeça. Bom, pelo menos eu tinha tentando todas as minhas alternativas, se não desse certo. Dei alguns passos pra trás e acendi a luz. Mirei o máximo que consegui na fechadura e segurei a arma como achava correto, atirando e fechando os olhos com o barulho que aquilo causou. Nada discreta, Selena. Revirei os olhos pra mim mesma e observei o armário, que agora estava aberto e sua fechadura estava toda no chão. Eu era uma puta de uma sortuda, só esperava que naquele armário eu encontrasse algo.
O abri completamente, havia várias pastas laranja, todas etiquetadas com nomes próprios. Peguei algumas nas mãos, as abrindo e demorei alguns minutos pra perceber que finalmente havia dado uma bola dentro. Eram as fichas de todas as pessoas da gangue. Todas, inclusive do chefe tão misterioso. Sorri para mim mesma, eu tinha conseguido!
P.O.V Justin
__Eai, Chaz? – Perguntei impaciente. – Alguma coisa no último andar? Só falta esse, porra.
__Nada Justin. – Chaz falou em meio aos chiados. – Nem sinal de vida por aqui. Só salas que eram escritórios quando aqui ainda era o Fórum. Tudo certo por aí?
__Ninguém percebeu vocês aí e o Bei já instalou todas as câmeras. – Falei, agora sorrindo. – Ryan, sinal verde. Se manda daí e avisa pro Bei ativar todas daqui há dois minutos.
__Falou e disse, dude! – Ryan parecia alegre. – Ai, eu amo meu emprego!
Ri da voz de Ryan e olhei pela última vez para o Fórum, daqui a dois minutos aquilo tudo ali estaria em chamas. Se esse merda estava achando que montando uma gangue às escuras poderias construir um império e nos corromper, estava muito enganado. E essa ia ser a primeira maneira que eu provaria isso a ele.
Observei mais uma vez as câmeras ainda sorrindo quando senti meu sangue gelar. Notei uma movimentação estranha no andar de cima e tive que piscar várias vezes pra confirmar que não era loucura da minha cabeça. Selena estava lá! Ela estava na porra de uma das salas do último andar! Demorei alguns segundos pra cair na real e comecei a gritar descontroladamente por Ryan.
__RYAN! TA ME OUVINDO CARALHO? – Gritava e Drake tentava ver algo no meu computador que justificasse meu comportamento. – RYAN! ME RESPONDE FILHO DA PUTA, ABORTA A MISSÃO!
__O QUE? BIEBER, NÃO TO TE OUVINDO, TO SAINDO DO PRÉDIO AGORA. 
 _ EU MANDEI ABORTAR A PORRA DA MISSÃO! - Gritei nervoso.- A SELENA ESTÁ NO PRÉDIO RYAN!
_O QUE? - Ryan gritava ainda mais através da escuta. - MAS QUE CARALHO, BIEBER! TARDE DEMAIS!
E dito e feito, era mesmo tarde demais. Vi Ryan e Chaz correrem até nossa van e Bei e Chris mais atrás deles, enquanto o prédio todo explodia. Todo o tijolo velho, as papeladas antigas, as drogas, os capangas e ela. Tudo virando pó em menos de segundos, saí correndo ignorando os gritos desesperados de Ryan perguntando o que tinha acontecido e as mãos de Chaz me segurando. Não sentia meus pés apesar de saber que estava correndo demais. Entrei no carro em menos de segundos e arranquei o carro dali, não ligando pra falta do cinto de segurança ou se estava chamando atenção. Peguei o caminho pra rodovia e pisava cada vez mais fundo no acelerador. A imagem dela mexendo os cabelos e folheando alguns papéis naquele escritório não saia da minha cabeça. Ela estava lá porra! Como? Como eu não sabia disso? Como eu deixei isso acontecer?
__EU MATEI ELA! – gritei batendo a mão com força no volante, fechando os olhos e ainda pisando fundo no acelerador.
_Se eu me perder essa noite, Selena. - Suspirei fechando os olhos. - Vai ser por você, só por você.

terça-feira, 12 de março de 2013

Capítulo 13- Let The Games Begin.

P.O.V Selena
Três semanas depois...
A luz que invadia violentamente o quarto me fez despertar. Passei a mão pelo espaço vazio em meu lado. Mas é claro que ele não estava mais ao meu lado, eu não esperava mais sua presença. Levantei-me indo até o banheiro e colocando a banheira para encher, era tudo tão novo. Toda aquela casa era de algum modo, minha. Um dia, eu iria pagar por ela, simplesmente não aceitava ter todo aquele luxo sabendo que não fiz nada para merecê-lo. Eu simplesmente comecei minha nova vida do jeito mais estranho possível, morando junto com um cara uma semana depois de conhecê-lo. A história é ridícula, é improvável para a maioria das pessoas, é loucura, mas é real. É a minha vida agora.
Despi-me da camiseta do Justin que usava para dormir e entrei no chuveiro, deixando a água molhar meu cabelo e depois todo meu corpo sem aviso prévio. Fechei o restrito entrando na banheira e fechando os olhos, encostando a cabeça na borda. Eu estava perdida, estava confusa, estava no meu próprio inferno pessoal. Um mês com Justin já havia me dado tantas aventuras para contar... Afinal, contar para quem, se eu não conversava mais com ninguém? Tudo que sabia fazer era ficar em casa e me lamentar por não ser mais quem eu costumava ser. Comecei a me ensaboar pensando no que faria para o tempo passar mais rápido. Sabia que Justin ficaria o dia todo fora resolvendo o novo grande objetivo dele e dos meninos: Derrubar a nova gangue que havia atacado eles na boate e em diversos outros lugares. Essa história me assustava um pouco, mas esse não era o grande problema. O que me incomodava era ficar desinformada, desconectada de tudo, eu queria participar, afinal, minha vida também estava na jogada. E passar o dia todo na nova casa conversando com decoradores e arquitetos não era bem o tipo de ajuda ao Justin que eu queria dar. Aquela casa também me assustava e me irritava, mas por um lado eu me sentia tranquila por não me sentir mais tão intrusa quanto na casa de seus pais.
Depois de passar muito tempo refletindo dentro da banheira e passar mais tempo ainda passando hidratante em meu corpo e tentando dar um jeito em meu cabelo, havia tomado uma decisão. Eu iria participar do plano deles, eu tinha que participar, era o meu direito. Eu sabia muito bem que Justin ia surtar e seus gritos iam ecoar pela casa toda, mas já tinha me preparado psicologicamente para isso. Coloquei uma roupa para enfrentar o dia, que eu já estava calculando que seria longo.
Fui até a cozinha e me sentei na bancada, conversando um pouco com a empregada que estava ali e preparando um suco de laranja para mim logo depois. Comida era uma coisa que eu não admitia que fizessem para mim, a não ser quando Justin ou os meninos estavam em casa. Mas quando estava sozinha, toda a comida era preparada por mim, assim como a organização do quarto e dos lugares por onde passava. Era a única coisa que fazia pra me distrair, já que como todos estavam em perigo, eu finalmente havia cedido e deixado de trabalhar na boate, depois que um dos seguranças foi procurado por um dos caras da gangue e ameaçado, eles estavam em busca de mais informações sobre mim, mas o cara era novo e realmente não sabia de nada. Mas sempre passava lá para conversar com a Ashley, era tudo muito rápido e eu preferi deixar ela fora de todo esse assunto. Ela iria surtar e apesar de tudo, eu estava muito bem protegida e feliz morando com Justin, não queria gerar mais confusão ou ódio entre os dois. Apesar de toda pressão que Justin estava passando, ele estava tendo atitudes contrárias as que eu esperava, era o tempo todo doce e paciente comigo, e sempre se controlava para não discutir, me deixando falando sozinha ou parando de falar alto e ficando sozinho. Depois tudo se resolvia no... Sexo, claro. Era o nosso pedido de desculpas mais sincero, a forma mais divertida e linda de manter um acordo, de provar que estava tudo bem.
Eu não podia reclamar dele e de tudo que ele estava me proporcionando, além de que eu havia descoberto tanto sobre ele e seu trabalho nas últimas semanas. E tinha Chaz também, que sempre vinha me visitar quando tinha uma folga com os meninos e me ouvia desabafando ou me fazia rir. Eu sabia que Justin era contra essa ideia, mas no final de tudo, se não fosse por Chaz, eu ficaria no pé dele o tempo todo, sem falar que me sentiria mais confusa e sozinha. Ele não podia me privar disso e já tinha entendido muito bem. Nossa discussão sobre o Chaz foi encerrada na noite em que nos mudamos pra nova casa dele.
Flashback On
__Gostou?
__Uau... É linda Justin. É tudo muito lindo.
__É, está ficando realmente muito legal, mas ainda faltam alguns detalhes. – Ele sorriu observando a grande e nova sala dele. – Vamos, vou te mostrar nosso quarto.
__Seu quarto.                                      
__NOSSO quarto, Selena. Você mora comigo, esqueceu?
__Mas não somos casados e eu não te ajudei a pagar a casa. Então ela é sua. – Ele bufou e me olhou impaciente, eu simplesmente dei de ombros. Essa era a mais pura verdade.
__Posso, por favor, chamar de nosso? – Ele sorriu docemente, mas eu sabia que era forçado. – Eu vou me sentir melhor assim, amor.
__Por favor? Amor? Sorrisinho? – Revirei os olhos rindo. – Quem é você e o que fez com o Justin?
__Idiota. – Ele riu. – Aqui é o no... O quarto. – Ele abriu a porta e me puxou pela mão até o quarto – será que eu posso chamar isso assim?- luxuoso que iríamos dormir.
__Nossa. Vamos dormir nós e mais quantos? – Ri observando o espaço exagerado do quarto.
__Espero que só nós. – Ele me olhou sério. O senso de humor mandou um olá, Bieber! Comecei a rir, ele era um otário controlador mesmo.
__Do que você está rindo?
__De você! Estou rindo de você! – Sorri feita boba pra ele e a careta que ele fez poderia derreter meu coração todo em questão de segundos.
__Isso merece uma punição, Gomez. Não gosto que debochem de mim! – Ele me puxou para mais perto colando nossos corpos, ri safada pra ele, que me puxou pela cintura e me derrubou na cama, caindo por cima de mim.
__Bieber! Você vai me matar, seu obeso!
__Dói quando eu faço isso? – Ele soltou um pouco o peso, me pressionando contra a cama. Dei um gemido de dor e hm, algo mais. – E isso? – Ele soltou todo o peso e eu dei um grito, o que provocou risos nele.
Rolei na cama ficando por cima e o encarando, com o rosto vermelho de suor e com dificuldade pra respirar. Sua risada foi cessando e sua respiração quente batia contra meu rosto, o puxei para mais perto selando nossos lábios e logo depois começando um beijo mais intenso. 
E como o destino sempre foi muito irônico comigo, meu celular começou a tocar. No começo Justin resistiu e não me soltou, murmurando alguma coisa do tipo “Deixa tocar”, mas depois que eu mordi seu lábio um pouco forte demais ele parou.
__Pode ser importante!- Sussurrei pegando o celular na bolsa e ele revirou os olhos passando o dedo pelo lábio onde eu havia mordido. Era Chaz, estranhei, mas atendi – Mantendo o cuidado de não citar o nome dele nenhuma vez durante a breve conversa. -
__Quem era? – Puta merda. Eu estava rezando tanto pra ele não me fazer essa pergunta.
_Era... Hum... Chaz. Ele ligou pra ver se eu estava bem e se você estava mais calmo.
__Aquele merdinha... – Justin bufou. – Ele não tem nada em que se meter na nossa vida.
__Ele não é um merdinha Justin. E você está sendo babaca de novo. – O olhei feio e ele deu de ombros. – Ele é meu amigo agora, ele só queria saber se eu estava bem. Depois da noite louca que todos nós tivemos, e da sua atitude infantil no galpão, isso não é ser gentil?
__Sei muito bem porque ele é gentil assim. – Justin murmurou e eu taquei uma almofada nele.
__Para!
__Parar com o que? Ele está dando em cima de você na cara dura e você fica dando todo esse mole! Você quer que eu fique de boa com isso?
__Quero! Porque ele não está dando em cima de mim. Ele é meu amigo Justin, AMIGO.
__Só você não percebe porra! ELE TE QUER NA CAMA DELE! – Justin passou a mão no cabelo, percebi que ele fazia isso quando estava nervoso. – Mas tudo bem, pode ir ficar com seu amiguinho se quiser.
__Nada que você fale vai me impedir de ver o Chaz. Vou continuar falando com ele, com ou sem o seu consentimento!
__Então é assim? – Ele riu irônico. – Vai ficar de casinho com Chaz com ou sem meu consentimento? Se eu fizesse isso com a Ashley você não ia gostar.
__NÃO É CASINHO, SOMOS AMIGOS, PORRA! AMIGOS! Você nunca teve nenhuma amiga?
__Claro que sim! Você é minha amiga. – Ele sorriu me puxando para o seu colo, estava de frente pra ele.
__Amigas de verdade Justin. Sem beijos, sem maldade... Apenas amiga.
__Até sem sexo? – Ele perguntou e eu assenti. Ele ficou um tempo assimilando e depois me olhou com confusão no olhar. – Eu nunca tive uma amiga assim, esse tipo de amizade é sem graça.
__Seu filho da puta pervertido! – Ri pra ele e puxei sua nuca, retomando nosso beijo.
Flashback OFF
Depois de passar muito tempo me lamentando por não ter o que fazer naquela mansão, uma luz me atingiu. Eu iria até a boate de Justin e conseguiria informações sobre essa nova gangue. Eu ia conseguir participar do plano deles e ainda me ocuparia o dia todo. Coloquei minha coturno de sempre, eu nunca deixava ela e fui até a garagem do Justin, destravando um dos carros dele. Não me sentia tão feliz por ter que usar seus carros, mas era o único jeito de sair daquela casa.
Programei o GPS pra me levar até a boate principal de Justin, já que sabia que ele e os meninos ficariam no galpão o dia todo. Pensei várias vezes em ligar para Justin, mas afinal, eu queria ir em frente com isso ou o obedecer que nem uma cachorrinha e ficar em casa o dia todo? Eu com certeza ficaria com a primeira opção.
Me olhei no retrovisor, eu estava confiante, o sol brilhava lá fora e eu coloquei meus óculos escuros que Ashley havia me dado de presente de natal. Depois de alguns minutos rodando a rodovia e cantando alto junto com as músicas que passavam em uma estação de rádio popular qualquer, cheguei a tão grande e intimidadora boate (ou bordel?). Era difícil assimilar que eu estava junto com um dos donos de tudo aquilo, que eu fazia parte dessa vida agora. E como diz o ditado “Ta na chuva, é pra se molhar”, já eu, iria me encharcar. Adorava essa adrenalina, o sangue pulsando em minhas veias, minhas pernas tremendo. Eu queria mais, muito mais do que a sensação que havia sentido na boate e em um dos ataques que estava presente. Mas dessa vez, eu iria derrota-los. Ia ser olho por olho e dente por dente, como os meninos haviam falado, e eu apenas iria dar uma ajudinha.
 Estacionei o carro em uma vaga na frente da boate e saí, parando em frente a grande porta que estava aberta, porém, não havia ninguém dentro. Apenas alguns seguranças e algumas serventes limpando o lugar para a grande noite que o lugar teria. Tirei o óculos e fui entrando, mas logo fui barrada por um grande armário de terno. O olhei assustada e ele me encarou sem expressão nenhuma.
__A entrada para as putas é na porta dos fundos. Vaza. – Ele me empurrou com brutalidade para fora.
__Como?
__Eu disse, sua vadia desgraçada, que a entrada para as putas é do outro lado. Você já deveria saber. – Ele me olhou superior e tudo que tive vontade de fazer foi rir, e foi isso que eu fiz. – Como ousa rir de mim, vagabunda? Se eu conto uma coisa dessas pro chefinho ele corta sua cabeça! – Gargalhei dessa vez e ele apertou meu braço com força.
__Me solta, seu nojento! – Falei alto tentando soltar meu braço, mas ele continuou, me encarando mortalmente. – Você por acaso sabe quem eu sou? Eu moro com o seu “chefinho” e acho que quem vai perder as cabeças é você! – O sorriso que ele tinha no rosto logo desapareceu e ele me soltou, voltando a postura novamente.
__Se-senhorita Gomez? – Assenti agora me fazendo de superior. – Me desculpa, por favor, não conte nada para o Senhor Bieber... Sinto muito, prometo que isso não vai mais acontecer. – Ele estava sem graça e seu tom de voz era baixo.
__Olhe, eu posso manter isso em segredo. Mas você vai ter que me levar ao escritório do Justin.
__Não posso fazer isso, Senhorita Gomez. Desculpe.
__COMO NÃO? EU sou a mulher dele, posso entrar no escritório dele!!!
__Eu recebi ordens bem claras para não deixar ninguém além de Bieber entrar em seu escritório, ainda mais sem sua permissão ou sem ele.
__Escuta aqui cara. – Eu precisava mantê-lo em jogo, precisava deixa-lo assustado. – Eu estou realmente tentando manter um acordo e pelo que vejo, quem está em apuros por aqui. Eaí, vai deixar eu entrar, ou quer que eu conte a minha versão da história para o Bieber?
__Sua versão da história? – Ele parecia incomodado e sua postura foi se desfazendo. Sorri para mim em meu consciente. Estava dando certo.
__Você realmente está pronto para dar adeus para sua vida e tudo que envolve ela?
__Olha Senhorita Gomez... Eu... Eu... – Levantei uma sobrancelha o encarando e apontei o relógio que estava em meu pulso, o avisando que o tempo estava passando. – Tudo bem, me acompanhe. 
Ele virou de costas pra mim me levando até o escritório de Justin e eu sorri vitoriosa. Era realmente um bom dia, e era ótimo se sentir no controle! Todos na boate me encaravam inferiores, as meninas que dançavam tinham até certa admiração e inveja no olhar... Pobres meninas apaixonada e esnobadas pelo cruel Justin Bieber, era de sentir pena mesmo.
Ele abriu o escritório para mim e saiu me deixando sozinha no espaço de trabalho do Justin. Passei a mão pela mesa pensando por onde começar. Bati o olho no laptop em cima da mesa e o liguei, sabendo que alguma informação eu iria arrancar de lá. Para a minha sorte, o computador não tinha senha, o que era muito estranho, afinal, Justin era tão burro assim?
Depois de um longo e cansativo tempo procurando por algo no computador, desisti. Não havia nada, infelizmente –ou felizmente- Justin não era nem um pouco idiota. Resolvi procurar algo nos armários, mas só havia fichas de funcionários, documentos da boate e contas. Procurei algo escondido em todas as pastas revirei tudo, mas não achei nada. Sentei em sua cadeira confortável suspirando alto e olhei para o teto. Eu precisava de uma luz, precisava achar alguma coisa. Eu não ia conseguir parar, não ia conseguir nem ao menos dormir se não achasse nada. Eu tinha chego até ali, não iria desistir tão cedo.
Estava tentando lembrar qualquer coisa que havia ouvido Justin falar no telefone, qualquer coisa suspeita, mas ele  realmente estava disposto em não me meter nisso. Não havia nada, não me lembrava de nada. Bufei observando a caneta que mantinha sobre os dedos, a passando de uma mão para outra, até que a deixei cair. Me abaixei para pegá-la e para completar meu dia triunfal, bati a cabeça na mesa. Eu realmente ficaria muito brava, se não tivesse batido naquela parte da mesa. Senti algo gelado e me deitei, ficando embaixo da mesa e observando o que tinha encontrado. Havia batido a cabeça em uma arma, um revólver, pelos meus olhos, simples e um papel enrolado nela. Eram vários rabiscos e números. Peguei o revólver e o papel, sentando na cadeira novamente e o analisando melhor. O tal rabisco era um nome “The X Team” e os números viam logo embaixo. Li e reli até que aquela luz que eu tanto pedi durante a tarde apareceu. Liguei o computador novamente e dessa vez fazia tudo com pressa.
Rodei os arquivos, várias e várias vezes, mas é claro que ele não ia deixar uma pasta assim pública.
Assisti e li alguns tutoriais para aprender a invadir sistemas e achar pastas secretas, mas aquilo era muito para mim. Quase chorava de tanto nervosismo e ansiedade que se concentrava em mim, eu precisava conseguir. Eu só precisava achar uma pasta secreta e provavelmente descobriria um tesouro.
Entrei no sistema do computador e comecei entrar em pastas e mais pastas e digitar diversas coisas, até palavras e frases sem sentido algum. Quando fui tentar o óbvio e digitei “The X Team” no campo de busca geral do computador. Uma pasta seguida de diversas outras derivadas do arquivo principal apareceu. Gritei e vibrei alto, descontando toda minha felicidade e meu nervosismo. Assim que cliquei na pasta maior, diversos número e códigos começaram a aparecer na tela, fui lendo atentamente e apertando as devidas teclas que o computador pedia, até que um espaço para a senha apareceu, segui minha intuição que quase não foi precisa, pois os números faziam total sincronia com aquela pequena barra branca. Digitei eles com cuidado, era agora ou nunca.
Depois de uma série de códigos e palavras que só Drake entenderia, meu precioso tesouro apareceu para mim. Ficha de suspeitos, endereços e fotos. Fotos dos ataques, fotos dos capangas, fotos dos suspeitos, fotos e toda a ficha criminal e todas as informações pessoais de cada um deles. Li um pouco de todos, mas a maioria parecia ser inútil. Escolhi ficar com a pasta de um tal de “Garrick”, o famoso “Paul” e o que eles acreditavam ser o chefe “Anônimo”. Por incrível que pareça, não havia nenhuma suspeita ou prova do tal líder da nova gangue. E era isso que causava tanta revolta nos meninos, e tanto medo em mim.
Entrei em uma pasta derivada, onde só havia endereços e fui lendo e tentando reconhecer um por um, até chegar ao que parecia ser o principal (as sinalizações que tinham nele me comprovava isso). Então era isso, eu iria atrás de algum deles, ou alguns e descobriria algo sobre esse cara misterioso.
Imprimi algumas fichas e o endereço do que parecia ser um dos picos mais escondidos deles. Observei o revólver, eu não fazia ideia de como segurar aquilo. Minhas mãos tremiam, mas mesmo assim eu agi por impulso, o colocando dentro da bolsa. A metade da minha tarde já havia passado, mas eu não me importava. Meu dilema maior era: Ir ou não ir?
Me faltava coragem, e como faltava. Eu parecia e me sentia como uma garotinha indefesa, uma estúpida e fraca garota. Suspirei, fechei os olhos, taquei objetos na parede, andei de um lado para o outro, puxei meus próprios cabelos... Não conseguia me decidir.
Lembrei-me de todas as vezes que fui fraca, de todas as vezes que deixei os outros me atingirem e me atacarem. Lembrei dos maus-tratos de meu pai, do orfanato e de John. Depois de ter arrepios familiares, afastei as lembranças. Uma nova vida, uma nova Selena. E a nova Selena iria combater seu medo, porque a nova Selena podia fazer isso.
Como em um passe de mágica, meu sangue voltou para o meu rosto, minha postura se endireitou e minha determinação reapareceu. Peguei minha bolsa organizando mais ou menos as coisas como estavam antes de eu invadir –por uma boa causa- o escritório de Justin. Tranquei a porta atrás de mim e saí da boate, sem falar ou olhar pra ninguém.
Entrei no carro, me olhei no espelho umas duas ou vezes e girei a chave. Era a hora, hora de ser forte novamente.