P.O.V Selena
_JUSTIN! – Gritei me levantando do
sofá e pulando em seu colo, o enchendo de beijos pelo rosto. Ele não devolveu
meu abraço, mas eu não me importava, precisava me certificar de que ele estava
inteiro e vivo. E ele estava! Meu sorriso chegava a escapar de meu rosto, e
depois de alguns longos –e ótimos- minutos colada ao seu corpo com o rosto em
seu peito, me separei o observando. Seus olhos eram tão frios e ao mesmo tempo
queimavam, e faziam contato visual com Chaz. Balancei um pouco sem ombro pra
chamar sua atenção e ele me olhou impassível.
__Eu fiquei tão preocupada e
assustada e confusa e tudo ao mesmo tempo! – Falava agitada. - O que aconteceu
afinal? Estão todos bem?
__Você me parece estar muito bem. – Ele disse ignorando minha
pergunta e eu parei de sorrir por um minuto o encarando pasma.
__Como?
__Não sei por que tanta
preocupação repentina, se você está muito confortável aqui com Chaz.
__Preocupação repentina? Você está
brincando comigo? – Coloquei as mãos na cintura e ele apenas concentrou o olhar
gélido em meu rosto, o mesmo sorriso irônico de sempre estampado no canto da
boca.
__Vou te levar pra casa. – Ele
mais uma vez me ignorou. – Chaz, vá para a boate, temos muito trabalho para
fazer.
__Trabalho? Cara são sete horas da
manhã e ainda nem dormi! – Chaz se aproximou de nós encarando Justin raivoso.
__Desculpe se estraguei seus
planos de dormir com minha mulher. – Justin nos encarou agora soltando faíscas
pelo olhar, senti meu coração gelar e meu sangue ferver.
__VOCÊ É RETARDADO? ALGUÉM TE
SOCOU COM MUITA FORÇA? – Gritei assustando os dois. – Como você OUSA, falar,
pensar ou sequer cogitar isso, quando na verdade eu estava me matando para
saber o que estava acontecendo lá naquela maldita boate?
__Sem ceninha, porra! Eu tive uma
madrugada cheia e quando chego aqui vejo você doidinha para dar pra um dos meus
melhores amigos e agora quer se bancar de vítima? VAI SE FODER.
__DAR? VOCÊ ACHA MESMO QUE EU IRIA
DAR PRA ALGUÉM ENQUANTO UM ATAQUE ESTAVA ACONTECENDO NA SUA BOATE? – Reneguei
as lágrimas que queriam escorrer, talvez fosse à raiva do momento, ou a
vulnerabilidade em que me encontrava. – Que tipo de pessoa você pensa que eu
sou? – Sussurrei com uma quase dor aparente.
__A DO TIPO VAGABUNDA QUE VIVE SE
FAZENDO DE VÍTIMA QUANDO APRONTA. – Dei um tapa com força em seu rosto fazendo
seu rosto virar um pouco para o lado e minha mão formigar. Eu não conseguia
aceitar o que estava ouvindo dele, aquilo tudo estava fazendo meu estômago
embrulhar.
__EU JÁ MANDEI VOCÊ TOMAR CUIDADO
COM O QUE FAZ! – Ele gritou me empurrando. – VAGABUNDA MESMO, É ISSO QUE VOCÊ
É, UMA VAGABUNDA BARATA IGUAL A TODAS AS OUTRAS ENCONTRADAS EM ESQUINAS E
BOATES, VOCÊ É IGUAL A ELAS, SUJA, BARATA E SÍNICA, IGUAL!
Dei um passo para trás, aquilo era
pior, pior do que qualquer agressão que ele poderia provocar em mim. Chaz
entrou em minha frente empurrando Justin, que estava descontrolado, ainda
gritando coisas pra mim que eu já não ouvia não me importava.
__Segura tua onde aí irmão! – Chaz
falou segurando Justin.
__Segurar minha onda? – Justin o
empurrou com força e eu me afastei dos dois, me apoiando no sofá. – Seu maldito
filho da mãe! Seu traíra!
__Cala a boca Justin, para pra
pensar em tudo que você ta falando. Sai
daqui, deixa a Selena em paz, não foi só você que teve uma madrugada longa,
para de pensar só em você pelo menos uma vez na vida, caralho!
__VOCÊ, SEU MERDA, VOCÊ NÃO MANDA
EM MIM! EU VAZO DAQUI QUANDO EU QUISER E RECLAMO QUANDO EU QUISER TAMBÉM! –
Justin se livrou das mãos de Chaz passando a mão pelo cabelo e me olhando,
talvez com um ar de preocupação. – Vamos Selena?
__Você realmente acha que depois
de tudo que você falou agora, eu vou embora com você? – Peguei meu casaco do
sofá e me aproximei dele, andando em passos lentos e espremendo os olhos. – Seu
babaca.
Fui pra fora do galpão rapidamente
de cabeça baixa, abraçando meu corpo. O salto alto dificultava minha caminhada
rápida e a grama mal aparada fazia cócegas em minhas canelas, limpei uma única
lágrima que escorreu com aquela cena rápida e exaustiva, levantando a cabeça.
Eu mal o conhecia e já havia chorado metade de mim por ele, isso não era certo,
não era eu. Talvez ele houvesse mostrado sua outra face pra mim naquele
instante, ou talvez essa era a sua verdadeira face, o talvez fosse só uma
questão de ilusão, pois eu sabia desde o começo que ele era assim. Mas estava
na hora do jogo mudar, e eu também mostraria minha verdadeira face para ele. Eu
prometi nunca mais deixar meu lado frio e calculista morrer, e ele estava
dormindo em um sono profundo e pesado desde o dia em que o conheci naquela
maldita sessão de strip. Poucos dias, tantas emoções desconhecidas, tantas
regras de ética violadas, tantas perguntas sem respostas, tantos problemas
enterrados e tantos já criados. Esse era seu efeito em minha vida, era a
análise que conseguia fazer sobre meus últimos dias. E eu tinha a sensação de
que isso não iria mudar, e eu nem sabia se eu queria que mudasse.
__SELENA! – Ouvi Justin gritar e
logo ele já puxava meu braço. – Me desculpa por tudo lá dentro eu... Eu
realmente estou estressado, pilhado e estou sendo um babaca.
__Um COMPLETO babaca.
__Eu sei, porra, eu sei! Agora
deixa eu te levar pra casa, vai? Deixa eu te pedir desculpas do jeito certo. –
Ele sorriu safado e doce me puxando pela cintura, me separei de seus braços.
__Se liga Justin. Eu já disse que
não sou sua cachorrinha, não sou seu objeto e também faço as coisas por mim,
como você adora repetir. Não preciso das suas desculpas, da sua carona, não
preciso e nem quero nada de você agora. Quero ficar um tempo sozinha e pensar e
quando EU quiser, nós conversamos.
__Posso pelo menos te levar pra
casa?
__Não quero ir pra sua casa agora.
__Nossa casa. E alias, amanhã já
vamos poder nos mudar pra minha casa de verdade. Não é maravilhoso? – Ele
sorriu tentando me fazer sorrir e eu simplesmente dei de ombros assentindo. –
Tudo bem... Você não está pra papo e nem sorrisos pra mim agora, mas aonde você
vai?
__Não sei, pra boate, pra casa da
Ashley, pra rua. Quero transparecer, quero um pouco do meu espaço de volta.
__Tem bastante espaço na nossa
casa.
__Não Justin! Eu NÃO vou pra casa
com você, mas que merda!
__MAS QUE MERDA DIGO EU! – E lá
estávamos nós, discutindo mais uma vez. Seu olhar escureceu, mas logo se suavizou
novamente. Ele puxou minha mão e passou a língua pelos lábios. – Não posso te
deixar sair depois dessa madrugada. Não é seguro, por favor, fique em casa.
__Por que não é seguro? Estão
atrás de mim? – Perguntei assustada e ele olhou para baixo.
__Não só de você. – Arregalei mais
ainda os olhos e ele pareceu se arrepender pelo que havia falado . – Estão
atrás da nossa gangue, ainda não sabemos o porquê, mas é perigoso demais
arriscarmos faltar com a segurança.
__Mas... Eu não sou da gangue de
vocês. – Falei confusa. – Esse tal de Paul, ele não me conhece não é?
__Agora... Agora ele conhece. –
Justin me puxou mais pra perto e eu não rejeitei, estava confusa e curiosa, e
não podia negar o quanto tinha esperado pra estar em seus braços novamente. –
Ele te viu na boate, ligou os pontos, não sei se já tinha investigado, não
sabemos de nada ainda. Mas não posso arriscar te manter longe.
__Ele é perigoso? – Sussurrei
assustada e Justin se agarrou mais a minha cintura, colocando o queixo por cima
da minha cabeça.
__Não, apenas um pau mandado de
alguém. – Ele falava com um tom de voz rouco e calmo, que como sempre, me
confortava. – Mas ainda não conhecemos a gangue pra qual ele pertence, apenas
sabemos que é nova. Pode ser perigoso, ou pode não ser, mas ainda há muita
coisa pra se descobrir. – Ele soltou o ar dos pulmões fazendo um barulho alto.
– Por enquanto, resolvemos dobrar a segurança pra cada um e pra suas devidas
famílias. E você – Ele beijou o topo da minha cabeça e depois acariciou meus
cabelos. – Você é minha família agora. Então por favor, faz isso por mim. Fica
em casa, não vai pra rua ou pra boate sem antes termos planejado isso.
__Eles, são em muitos?
__Pelo que Bei descobriu, são sim.
Mas são novatos, não conhecem tanto o território como nós. Talvez eles queiram
um confronto, uma guerra de poder, para entrar em grande estilo. Mas escolheram
a gangue errada, não vamos deixar nada nos derrubar. Há muita coisa envolvida,
nossos negócios, nossos nomes, nós mesmos. – O abracei mais forte, tudo aquilo era
muita informação para mim, eu não conhecia nada daquele mundo, apenas o básico.
– Só mais uma coisa, você poderia, por favor, parar de trabalhar naquela boate?
Não quero fechar ela e prejudicar os outros funcionários de lá.
__É... É claro, eu acho. Tenho
muita coisa pra pensar, pra assimilar. Justin eu... – Passei os olhos por todo
o seu rosto que agora parecia tão mais jovem, mais sereno. – Eu estou com medo.
__Você não precisa ter medo, eu
não vou deixar nada, nada mesmo, acontecer com você. – Ele beijou minha testa e
eu suspirei, fechando os olhos e aproveitando a paz que os lábios dele contra
minha pele me causavam.
__O que você quer fazer agora? –
Justin perguntou doce quando paramos na frente do portão da casa dele.
__Quero ficar sozinha. – Disse saindo
do carro, ele abaixou o vidro me encarando confuso.
__Nenhum beijinho de despedida?
__Não, sem beijo de despedida,
Bieber. Eu falei que queria ficar sozinha pra pensar e é isso que eu vou fazer.
__Você ainda está brava comigo?
__Mas é claro que estou! Você é um
completo babaca! – Ele bufou assentindo e deu partida no carro.
Entrei na casa fazendo um caminho
diferente, indo até a área da piscina e me sentando para pensar em tudo. Eu
estava em perigo, todos nós estávamos. Justin já entrou na minha vida como um
problema, mas eu não dava à mínima. Eu era forte. Eu era determinada e forte.
Eu não deveria sentir medo e não iria ficar vulnerável na frente dele, nunca mais.
Nunca mais daria a deixa para ele agir com estupidez ou pisar em mim. Eu não
cometeria os mesmos erros novamente, eu não causaria mais tanta tristeza ao meu
coração. Eu iria fazer tudo funcionar dessa vez, e funcionar do meu jeito.
P.O.V Paul
__VOCÊ O QUE?
__E-Eu não cumpri a missão chefe. –
Falei encolhendo os ombros vendo que estava ferrado.
__Você é masoquista? – Ele me
perguntou com um sorriso debochado nos lábios. Meu ódio por esse cara... Sentia
minhas mãos coçarem. – Como tem coragem de vir até mim de mãos vazias? Sabe que
vai apanhar né?
__Não vim de mãos vazias, chefinho.
– Relaxei na cadeira. – Descobri uma coisa sobre o Bieber.
__Que tipo de coisa?
__Um ponto fraco, talvez. Um alvo
pra nossa primeira jogada. – Ele assentiu para que eu continuasse. Na verdade,
para a minha primeira jogada. –
Bieber tem uma mulher agora. Ela está com eles, mas não faz parte dos negócios,
porque saiu da boate assim que ele me viu. Ela é jovem também. Aqui – Tirei do
bolso algumas fotos que havia conseguido sobre a menina. – É ela, trabalha como
stripper em uma boate, pelo jeito não é de Nova York, mora aqui há cinco meses e
divide um apartamento com uma dançarina da mesma boate. Ela. – Mostrei mais
algumas fotos da boate, da amiga da garota, etc. Coloquei sobre a mesa toda a
informação que havia colhido. Estava esperando uma gratificação maior, um
aumento no meu cargo, mas o otário nem ao menos se mexeu. Seus olhos brilhavam
e observavam atentos há tudo sobre a mesa, ele parecia perdido e muito concentrado
ao mesmo tempo.
__A reconhece de algum lugar? –
Perguntei e ele negou ainda concentrado, como se estivesse tendo um flashback.
Não apenas seus olhos, como todo o seu rosto estavam fechados, pesados, com uma
carga horripilante. Ele me assustava, mas nada ia tirar meu foco de recuperar
meu império e derrubar aqueles pirralhos que me foderam. Eu não iria parar até
ter as cabeças de todos aqueles que tiraram uma com a minha cara em uma
bandeja. Eu era o mais velho dali, eu merecia mais. Ninguém sabia realmente do
que eu era capaz, sempre o tolinho, agora o bajulador. Eu apenas precisava de
paciência, e só agiria quando estivesse no total controle da situação.
__Eai, chefe, o que faremos?
__Eu a quero.
__Quem? A mulher de Bieber? Sem
problemas, podemos passar um corretivo nela e não deixar vestígios. – Sorri convencido.
__NÃO! – Ele gritou transtornado. –
Eu a quero viva, em minhas mãos e não podemos falhar. Eu quero destruir aquela
gangue de merda e pegar a garota.
__Um sequestro?
__Não, vou por um caminho mais
demorado e mais eficiente. Vou atingir esse pirralho do Bieber em cheio e
roubar tudo que ele tem principalmente a sua mulher.
__Tudo bem, apenas não entendi porque
não podemos a matar logo. A menina não sabe de nada da gangue, é uma inútil,
muito gostosa, mas inútil.
__Você não vai a matar. Entendido? –
Assenti sem muito interesse, ele era mesmo louco. – Esse será nossa única
jogada. Vamos conseguir essa garota, e eu farei qualquer coisa pra pega-la.