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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Capítulo 17 - The Drug In Me Is You.

P.O.V Selena
Flashback ON
__Justin, pela vigésima vez, onde estamos indo? – Perguntei sorridente o olhando. Ele apenas abriu um sorriso, mas não seu sorriso típico, todo malicioso e confiante. Era um sorriso puro, sem um adjetivo certo, era apenas um sorriso.
__Pode parar de perguntar isso, nem perca seu tempo, linda. – Ele pousou a mão sobre minha coxa esfregando uma ou duas vezes e depois a deixou ali.
__Odeio surpresas. Vou ficar brava com você. – Fiz um bico tentando mais uma vez fazer sua cabeça, mas Justin não mudava a expressão nunca, como era possível tirar algo dele?
__Odeio pessoas bravas comigo. E adoro você. – Ele me olhou de relance passando a língua nos lábios e sorrindo. Abaixei a cabeça envergonhada e soltei uma risada de leve. De vez em nunca ele soltava essas indiretas desconexas e quase fofas demais para alguém como ele, e de vez em nunca também, eu sabia como reagir.
Já era noite e o sol já havia desaparecido completamente.  As luzes de Nova York se acendiam, quase que em sincronia, se transformando em umas das paisagens mais belas do mundo. Mas é claro que para os meros mortais que passavam nas calçadas, buzinavam de dentro dos seus carros ou motocicletas ou simplesmente curtiam a noite ali, a paisagem passava despercebida. Mas para mim não. A grande surpresa de Justin era essa: Me levar no ponto mais alto de Nova York para assistir o centro todo se acender lá de cima. Estávamos sentados quase que na beira do terraço, em cima de cobertores e almofadas que junto com várias frutas e um champanhe incrivelmente gelado e delicioso, apareceram magicamente lá. Justin estava com a mão na minha cintura e o rosto enterrado em meu pescoço, brincando com minha pele - e com minha sanidade também. -
__Sabe? Se eu não te conhecesse tão bem, diria que está tentando me impressionar. – Disse não contendo o sorriso de timidez e felicidade. Justin parou o que estava fazendo para me encarar e deu um meio sorriso.
__Você não me conhece tão bem, e esse é um dos motivos.
__Mas ser romântico ou levar mulheres em encontros não parece fazer muito o seu tipo. – Espremi os olhos e ele soltou uma risada, enchendo mais seu copo e o meu e ficando mais relaxado.
__É, não faz mesmo. Nunca fui a um encontro, então, considere-se minha primeira.
__Nossa, que honra. – Disse sendo irônica e revirando os olhos. – Mas falando sério, por que fez tudo isso?
__Não sei... Acho que pra te mostrar que posso ser diferente de tudo que aparento ser. – Espremi mais ainda os olhos e ele riu. – Ou que pelo menos estou tentando ser diferente do que aparento ser.
__Bom, se quer me impressionar, está funcionando, isso aqui é lindo. – Falei observando a cidade e depois olhei para Justin de novo, que estava em silêncio e sem expressão no rosto. Seus olhos brilhavam tanto quanto as luzes da cidade e seu cabelo já por cortar caía sobre seus olhos.
__Você também é. – Ele se aproximou mais beijando o canto da minha boca e envolvendo meu rosto com as mãos. Dei um selinho nele que jogou seu corpo com mais força para cima do meu e envolveu minha cintura, me beijando de verdade dessa vez. Quando paramos por falta de oxigênio, ele colou sua testa na minha, em um gesto totalmente inesperado. Fechei os olhos por impulso rezando para que nenhuma chuva ou contratempo estragasse um dos melhores momentos da minha vida. Há quantos anos não me sentia assim, tão viva?
__Você é linda, Gomez. – Ele disse novamente com seus olhos perdidos, focados em mim, mas não concentrados em meu rosto. Desci meu olhar para sua boca, que estava entre aberta e sorri antes de me aproximar dele novamente, o puxando pelo pescoço cada vez para mais perto de mim, do meu corpo. Sua língua invadiu minha boca e logo começamos a nossa batalha insaciável, quem cederia primeiro? Quem aproveitaria mais aquele beijo?
O que sentia por ele não poderia nunca acabar eu simplesmente precisava de momentos como aquele para viver. Justin era minha nova droga. E todas que eu já havia provado, ele era a minha favorita.
Flashback OFF
Saí do transe me levantando da cama com um pouco de dificuldade, e passando a mão pelo rosto. Não sabia ao certo quanto tempo tinha ficado viajando nas minhas memórias, só sabia que aquilo não tinha me feito nada bem. Não adiantava o tanto que eu tentasse, eu nunca ia conseguir tira-lo da minha cabeça. Em apenas dois meses, ele se tornou tudo que eu precisei minha vida toda, e eu não ia conseguir apagar uma cicatriz como essa. E eu tinha quase certeza que não queria apaga-la. 
Caminhei até o banheiro jogando água pelo meu rosto e me encarando no espelho. Oh, novamente não. Eu estava me perdendo, estava tendo outra crise de ansiedade. Me encostei na parede e deslizei meu corpo até o chão, inspirando o ar e tentando solta-lo com toda a força que eu tinha. Era cada vez pior para respirar, e eu sentia meu corpo inteiro soar e tremer. Não aguentava mais passar por isso pelo menos duas vezes por dia. Abracei meus joelhos e abaixei a cabeça tentando manter a calma.
Meu corpo trêmulo envia arrepios para a minha espinha
Adrenalina começa a se mover intensamente
Seus segredos te mantém doente, suas mentiras te mantém vivo
Dois pontos cada vez que você joga com dados desonestos
Eu senti a escuridão enquanto ela tentava me destruir
O tipo de escuridão que assombra uma casa de cem anos
Eu luto com os meus pensamentos, eu apertei a mão da dúvida
Correndo do meu passado, eu estou suplicando: Pés, não me falhem agora!
 As lágrimas já rolavam desesperadas pelo meu rosto, eu estava sem controle, e eu sabia exatamente por que. Era muito mais fácil conter minhas crises de abstinência com Justin por perto. Estava sempre distraída, sempre bebendo, sempre me ocupando com ele. E agora estava sozinha, presa, pressionada e sabia que a única coisa que me salvaria daquilo era também a única que me deixava sem salvação.
Eu perdi a droga da minha cabeça
Isso acontece o tempo todo
Eu não posso acreditar que o meu destino é mesmo estar aqui
Tentando consumir
A droga em mim é você
E eu estou tão miserável
Você não vê?
Eu não podia mais ignorar que era uma viciada. 
E não uma ex- viciada, uma viciada de verdade. Precisava de ajuda, ajuda e consolo da minha melhor amiga, precisava dela de volta.
E era isso que ia fazer, ia buscar pela minha felicidade miserável mais uma vez. Iria voltar as minhas malditas origens, minha maldita casa.
Eu iria voltar para a boca de fumo da cidade que nunca dorme, e iria me perder lá para compensar a falta que ele me fazia.
P.O.V Justin
Flashback ON
Estava com muito calor, mas não tinha coragem para se quer me mover. Selena dormia sobre meu corpo e seus cabelos grudavam em meu peito soado. Ela era tão linda, mais linda assim, dormindo, com expressões leves, um quase sorriso no lábio. Seu peito subia e descia e minha mão deslizava devagar pelas suas costas quentes e desnudas. Eu nunca iria conseguir explicar como tinha achado aquela mulher. Ou como ela havia entrado na minha vida. Eu só sei que ela estava ali, convivendo comigo, dormindo comigo, e eu não tinha motivo nenhum pra reclamar disso. Se fosse parar para pensar na nossa história, ela não era nada além de confusa e sem peças que combinavam, mas o que importava afinal? Apenas fazia o maior sentido pra mim. Tê-la em meus braços e poder tocar seu corpo a noite toda, aliviar todo meu estresse e minha tensão com a mulher mais incrível que eu já tinha conhecido. E se mesmo assim não fazia sentido, foda-se. Eu estava feliz, feliz de um jeito que nunca tinha ficado antes. Estava feliz porque sabia que ela era minha, sabia que só eu poderia toca-la, vê-la dormir e sorrir de um jeito tão sereno. Feliz porque sabia que ela estava sempre lá me esperando e não tinha sensação melhor do que essa.
Ficar envolvido desse jeito era um problema que eu faria questão de só resolver daqui há um milhão de anos. Se dependesse de mim, ela não iria embora nunca.
Selena abriu os olhos devagar e sorriu para mim, enquanto eu enrolava seu cabelo com a ponta dos dedos.
__Você estava me olhando dormir? – Ela perguntou com a voz sonolenta e o rosto amassado.
__Sim. – Assenti, eu queria tanto segurar o sorriso, mas sempre acabava bancando de idiota e sorrindo mesmo assim. Ela sorriu mais ainda me dando um selinho e eu retribuí subindo por cima de seu corpo, aprofundando o beijo.
__Não quero que você vá embora. – Falei em um tom quase que desesperado enquanto beijava seu pescoço em uma pausa para respirar e me arrependi amargamente depois. Aquele era o tipo de coisa que eu não deveria deixar sair da minha boca nunca. Ela afastou meu corpo um pouco do seu me olhando com os olhos espremidos e depois sorriu.
__Não quero ir embora. – A olhei por um segundo e depois voltei a beijá-la, começando mais uma vez meus momentos de felicidade.
Eu nunca iria admitir que ela me tivesse na palma das mãos, mas isso era uma realidade que eu não conseguia conter.
Flashback OFF.
__Justin? Você ouviu o que eu disse? – Minha mãe me disse me fazendo despertar do transe. Sai da porra da minha mente, Gomez.
__Ahn, sim, mãe.
__E já tomou sua decisão? – Ela me perguntou esperançosa. Porém aquelas malditas memórias tinham mexido demais com a minha cabeça, eu precisava sair, ficar sozinho.
__Não, não vou nesse jantar pra me aliar com esses porcos iguais o seu marido. – Revirei os olhos e ela me encarou triste. – Essa é minha decisão, pra sempre, mãe. Tenho que ir. – Beijei seu rosto saindo da cozinha.
__JUSTIN! NÃO SE ESQUEÇA DE QUE ELE TAMBÉM É SEU PAI! – Ela gritou para mim e eu apenas continuei a andar até o carro.
Eu tenho estas perguntas sempre passando pela minha cabeça
Tantas coisas que eu gostaria de entender
Se nós nascemos pra morrer e todos morremos pra viver,
Então qual o objetivo de viver a vida se ela só se contradiz?
Eu senti a escuridão enquanto ela tentava me destruir
O tipo de escuridão que assombra uma casa de cem anos
Eu luto com os meus pensamentos, eu apertei a mão da dúvida
Saí da casa cantando pneu e dirigi pelas ruas mais desertas daquele bairro, cada vez mais rápido. Não conseguia pensar em nada a não ser que não aguentava mais. Não aguentava mais essa vida de merda que estava levando, eu estava vivenciando o pior momento da minha vida. Estava vendo meus negócios afundarem, meus amigos se afastarem, minha mãe morrendo lentamente e meu pai me pressionar cada vez mais para ser o próximo manda chuva mirim no governo dele. E estava aguentando tudo isso sozinho, com as malditas lembranças do meu tempo com Selena sempre me perseguindo. Eu sabia que um dia ia ter que enfrentar todo esse problema de me deixar levar pelo momento, de deixar ela se acomodar em minha vida. Agora, os dias em que não falava com ela apenas não pareciam... Dias corretos.
Eu perdi a droga da minha cabeça
Isso acontece o tempo todo
Eu não posso acreditar que o meu destino é mesmo estar aqui
Tentando consumir
A droga em mim é você
E eu estou tão miserável
Você não vê?
Era muita pressão, muita barra para eu aguentar sozinho. Eu estava cada vez mais perdido e não sabia mais como me divertir sem algum pensamento desses me assombrar. Eu estava morrendo, estava desfalecendo em miséria sem ela por perto. Fiquei dois meses entorpecido com ela, sem precisar de mais nada para me mantar com sanidade.
Eu enlouqueci
Você tentou me alcançar, mas você simplesmente não pode me ajudar
Até logo, adeus
Você tentou me salvar, mas isso não vai funcionar desta vez
Mas agora era diferente, e eu precisava perder minha mente novamente, precisava me desligar do mundo do meu jeito velho. Sempre funcionou e não seria diferente agora. Ela me ajudou, mas dessa vez não ia funcionar.
Eu perdi a porra da minha cabeça
E não tem mais porra de tempo
Eu não posso acreditar que o meu destino é mesmo estar aqui
Tentando consumir
A droga em mim é você
E eu estou tão miserável
Você não vê?
Eu precisava da minha antiga e única salvação, precisava me drogar.
E eu sabia exatamente onde iria encontrar o substituto perfeito para a falta que Selena me fazia.

Longe de tudo, de todos os conhecidos, de todas as pessoas que queriam me julgar ou me rotular, eu iria para um lugar onde eu sabia que todos estavam se perdendo em busca da salvação. Eu iria para a maior boca de fumo de Nova York novamente. 

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Oi!! Como prometido eu postei dois capítulos essa semana, e vou tentar fazer sempre isso, escreve sempre que eu posso, o que ultimamente está sendo quase nunca... Enfim, esse capítulo foi mais chatinho e pra enrolar um pouco, no próximo as coisas vão ficar bem interessantes. Hehe
PS. A música tema desse capítulo é "The Drug In Me Is You" do Falling In Reverse, recomendo ela. 
Por favor, me falem a opinião de vocês por aqui ou pelo meu twitter: @jbtoxicsg

domingo, 12 de maio de 2013

Capítulo 16- Paranoid Eyes.

P.O.V Selena
Chaz se sentou ao meu lado e me encarou preocupado.
__Estou ótima de saúde. Apenas de saúde. – Disse deixando toda a culpa e angústia que estava sentindo transparecer em minha voz.
__As coisas vão melhor, pequena. Tenha um pouco de paciência...
__Eu estou tendo paciência demais, Chaz. Você não entende, eu quase morri. Se não fosse pela sua mensagem eu acho que... – Me arrepiei fechando os olhos.
__Hey, você quase morreu, mas ainda está aqui. E isso é um ótimo motivo para estar feliz. – Ele acariciou minha bochecha com a ponta dos dedos, sorri de lado olhando em seus olhos, podia vê-los faiscar. Sabia que Chaz me queria, de um jeito diferente ao que eu o queria. Ele me olhava como Justin me olhava e eu não podia fazer nada em relação a isso.
__Eu sei, obrigada Chaz, por tudo.
__Eu só quero saber uma coisa... Como você fugiu?
__Eu não me lembro bem... Eu só sei que estava na última sala do segundo andar... E... E eu tinha finalmente achado as fichas, de todos os criminosos. Eu vi, vi o rosto do chefe, mas não consegui ver muito mais que isso. Ouvi meu celular apitar e eu não lembro como consegui ler, eu fiquei tão nervosa, saí correndo e entrei na sala de limpeza, que era a única que não estava trancada. Fui empurrando todas as vassouras que estavam ali e empurrei a porta de emergência. AÍ eu tropecei. – Senti todos os pelos do meu corpo se eriçarem.  Malditas lembranças, malditas experiências.
__Você ficou presa na escada de emergência?
__Sim. Saí correndo até o térreo e aí tudo estremeceu. E caiu. – Passei a mão pelo grande corte em minha cabeça que já estava com curativo e observei meu braço engessado, assim como toda minha barriga que estava enfaixada por causa das duas costelas fraturadas.
__Como você acordou? Como não te acharam?
__Eu não lembro! Mas que droga, não me lembro de nada. Só do pavor, do nervosismo... Lembro exatamente de ler sua mensagem me pedindo pra sair do prédio. Como VOCÊ sabia que eu estava lá?
__Eu te vi, antes de você se esconder na sala de limpeza. Ryan ainda estava no segundo andar e eu sabia que isso era importante pra você. Eu só... Só achei que você sabia que íamos explodir que tinha um plano de fuga. Eu nunca vou me perdoar.
__Se perdoar pelo que? Você não fez nada de errado. Não é sua culpa Chaz, a culpa é minha.
__Mesmo assim, Sel. Eu me sinto culpado e vou fazer de tudo pra tentar me redimir com você e comigo mesmo.
__Você já faz demais só por existir. Obrigada por cuidar de mim.
__Pra sempre.
__E sempre. – Sorri o abraçando. Chaz era como o irmão que nunca tive, ele era a única pessoa que eu tinha agora, minha única família.
__E como estão as coisas... Hm, lá?
__Como está o Justin? – Ele me perguntou sendo direto demais e eu assenti. – Um perdido. Hoje o obrigamos a aparecer na boate, sabe, está sendo difícil pra todos, ele não pode simplesmente se drogar e comer vadias e não ter mais responsabilidade. – “Comer vadias”  como uma coisa tão estúpida e óbvia me machucou tanto?
__Não acho que ele esteja assim porque gosta de mim, ele só está se culpando por ter matado alguém que ele não queria alguém inocente.
__Até parece Selena. O Justin mata pessoas inocentes por diversão, ele gostava de você, ele estava envolvido o bastante pra se importar.
__Ou é pena por educação mesmo.
__Não vou nem discutir isso com você. – Ele suspirou. – Eu sei que talvez ele não consiga demonstrar, mas ele gostava muito de você Selena.
__Eu preciso que você me faça um favor. – Disse desesperada para mudar de assunto. Como Justin me perturbava. Eu me sentia tão menininha, tão estúpida por mesmo em meio a tanta confusão, pensar a maior parte do tempo nele.
__Qualquer coisa.
__Preciso que você visite Ashley, e traga ela aqui.
__Ashley? Sua amiga, a loirinha? – Assenti. – Ela sabe de algo?
__Sobre o acidente? Não. Decidi deixar ela fora disso tudo, todas as vezes que nos falamos eu desviei do assunto “minha nova vida com Justin”. É muito perigoso pra ela, ainda mais agora.
__E por quê? Eu não entendo Sel. Esse negócio da nova gangue é algo nosso. Eles querem nosso dinheiro, nosso império, nosso poder, você não precisa se envolver nisso.
__Você não entende mesmo, e nem te culpo por isso. Eu estou muito mais envolvida com eles do que você imagina. Agora, é tudo muito pessoal. O que eu descobri...
__E o que você descobriu? Se você sabe algo que não sabemos... Você tem que confiar em mim, Sel. É algo importante pra todos nós também.
__Eu ainda não posso... Não tenho certeza de nada e não vou falar nada até me recuperar e depender só de mim novamente.
__Essa sua mania de sempre querer se virar sozinha. Você tem que parar com isso.
__Sempre foi assim, e não há nada que vai me fazer mudar. – Disse um pouco alto demais. Eu estava uma pilha de nervos. – Vou tomar um banho e descansar. Não estou com fome e minha cabeça já começou a doer.
__Tudo bem, vou fazer algumas coisas na boate com Drake ainda. Qualquer coisa ligue pro meu celular pelo telefone de casa, está do lado da sua cama. Apenas esvazie sua mente, pequena. – Chaz me deu um beijo na testa e me ajudou a levantar do sofá e ir até o banheiro. Comecei a tirar a faixa que envolvia minha barriga e minhas costelas e me olhei no espelho. Observando meu rosto pálido, com grandes olheiras e rugas temporárias de preocupação, minha boca seca, ali eu percebi que aquela era a verdadeira Selena. A mulher forte, decidida e feliz que costumava aparecer ali não era real. Era uma personagem da minha imaginação louca e sonhadora, era o modelo que eu queria ser, mas não importava por quanto tempo fingisse, eu sempre iria voltar a ser aquela mulher fraca e acabada. Cheia de problemas e sem nenhuma solução. Essa era Selena Marie Gomez, e eu tinha que conviver com isso.
P.O.V Justin
Mais uma garrafa. Mais um chupão no pescoço. Mais um cigarro breve.
Não sabia que horas eram e também não me interessava. Afastei as duas putas que estavam em cima de mim e fui caminhar pelo lugar onde estava acontecendo o raxa. Estava ali a negócios, e por isso não conseguia curtir nada que acontecia. Ali era sempre o melhor lugar pra negociar e receber armas customizadas, e eu estava reforçando todo o meu armamento. Esses merdinhas queriam guerra? Queriam fazer joguinhos com bilhetes, ataques e ameaças? Então eu ia me divertir também. Mas a diversão ia correr como eu queria, e o meu jeito era muito mais doentio do que de qualquer líder que estivesse querendo me abater.
Caminhei até o estacionamento do local, peguei as duas garrafas de cerveja que carregavam álcool, acendi elas com um isqueiro e joguei nos carros que estavam ali, puxando um cigarro do bolso e começando a traga-lo, assistindo tudo queimar. Fogo era o meu melhor aliado, ou isso era tudo uma metáfora irônica que simbolizava o quanto eu estava amargurado com esse elemento. Eu era o fogo puro, as chamas pulsando dentro de minhas veias, queimando qualquer tipo de célula viva que tentava se alojar. Eu era o fogo, ardente e feroz, transformando tudo em pó em segundos, agonizando em fumaça, se espalhando por todas as almas puras que se aproximavam de mim. Tudo em que eu tocava, virava algo queimado e sem existência significativa. Eu era o fogo, poderoso e tão miserável, tão fraco e solitário. Eu era o fogo, que queimava, ardia, deixava marcas e queimaduras nas pessoas, e até em mim mesmo. Eu era o fogo que matava, maltratava, causava dor e desespero. Eu era o fogo que preenchia o inferno, o melhor amigo do demônio. Eu era o fogo, criando meu próprio inferno, meu próprio demônio, minhas próprias queimaduras.
E acima de tudo, eu era o fogo que havia a matado.
P.O.V Paul
__Sem enrolar, manda logo Paul.
__Encontrei a menina. E não apenas seu corpo, a encontrei em perfeito estado, respirando, falando, chorando, vivendo.
__Impossível. Ela morreu, ela queimou no antigo fórum, foi tão esmagada pelos estrondos que não sobrou nada para contar história.
__É aí que você se engana chefe. Como você pediu, seguimos todos eles. Eu me encarreguei de seguir a vítima número 3, porque ele estava muito suspeito e nada participativo. E agora sei o motivo. Ele está com ela, dando os cuidados necessários e a escondendo.
__De nós?
__Pode ser, mas presumo que seja do merda do Justin.
__Você até que não é tão inútil quanto eu pensava. E eles também não.
__O que quer dizer? – Perguntei confuso, ele era tão psicótico.
__Se esconder de Justin e deixa-lo amargurado, perdido e afastado do trabalho? Está ficando cada vez mais fácil acabar com os negócios deles. Sem Justin no comando, eles enfraquecem.
__Por que acha isso?
__Fácil, estou infiltrado em todos os planos dele. Mandei um de nossos homens vender algumas armas falsificadas pra Justin em um raxa hoje. Ele está tão cego pela dor e a culpa que está ficando burro. E nós só avançamos mais.
__E o plano para o roubo?
__Não se meta, quando for à hora de pegarmos o que queremos, eu avisarei pra você, assim como pra todos os outros funcionários. – Era aí que ele errava, eu não era qualquer funcionário.
__E a garota?
__Vou me focar nela por agora, não vou precisar mais da ajuda de vocês por um tempo, só para coisas superficiais.
__Por que a insistência na garota? É uma dúvida que não consigo conter.
__Então aprenda a se contar, senhor Paul. Não é da sua conta e nem nunca será. Agora dê o fora.
Saí da sala fervendo. Esse maluco se achava mesmo mais esperto que eu, coitado.
Eu iria rir dele antes e depois de cortar sua cabeça e a ter em uma bandeja em minha casa.
__Alô? Governador? Sim, tudo pronto senhor Bieber. – Sorri de lado, eu ia me levantar de uma forma triunfante. – Em sua casa, hoje à noite? Claro, estarei lá. Abraço.

Era melhor Nova York estar preparada.