P.O.V Selena
Flashback ON
__Justin, pela
vigésima vez, onde estamos indo? – Perguntei sorridente o olhando. Ele apenas
abriu um sorriso, mas não seu sorriso típico, todo malicioso e confiante. Era
um sorriso puro, sem um adjetivo certo, era apenas um sorriso.
__Pode parar de
perguntar isso, nem perca seu tempo, linda. – Ele pousou a mão sobre minha coxa
esfregando uma ou duas vezes e depois a deixou ali.
__Odeio surpresas. Vou
ficar brava com você. – Fiz um bico tentando mais uma vez fazer sua cabeça, mas
Justin não mudava a expressão nunca, como era possível tirar algo dele?
__Odeio pessoas bravas
comigo. E adoro você. – Ele me olhou de relance passando a língua nos lábios e
sorrindo. Abaixei a cabeça envergonhada e soltei uma risada de leve. De vez em
nunca ele soltava essas indiretas desconexas e quase fofas demais para alguém
como ele, e de vez em nunca também, eu sabia como reagir.
Já era noite e o sol
já havia desaparecido completamente. As
luzes de Nova York se acendiam, quase que em sincronia, se transformando em
umas das paisagens mais belas do mundo. Mas é claro que para os meros mortais que
passavam nas calçadas, buzinavam de dentro dos seus carros ou motocicletas ou
simplesmente curtiam a noite ali, a paisagem passava despercebida. Mas para mim
não. A grande surpresa de Justin era essa: Me levar no ponto mais alto de Nova
York para assistir o centro todo se acender lá de cima. Estávamos sentados
quase que na beira do terraço, em cima de cobertores e almofadas que junto com
várias frutas e um champanhe incrivelmente gelado e delicioso, apareceram
magicamente lá. Justin estava com a mão na minha cintura e o rosto enterrado em
meu pescoço, brincando com minha pele - e com minha sanidade também. -
__Sabe? Se eu não te
conhecesse tão bem, diria que está tentando me impressionar. – Disse não
contendo o sorriso de timidez e felicidade. Justin parou o que estava fazendo
para me encarar e deu um meio sorriso.
__Você não me conhece
tão bem, e esse é um dos motivos.
__Mas ser romântico ou
levar mulheres em encontros não parece fazer muito o seu tipo. – Espremi os
olhos e ele soltou uma risada, enchendo mais seu copo e o meu e ficando mais relaxado.
__É, não faz mesmo.
Nunca fui a um encontro, então, considere-se minha primeira.
__Nossa, que honra. –
Disse sendo irônica e revirando os olhos. – Mas falando sério, por que fez tudo
isso?
__Não sei... Acho que
pra te mostrar que posso ser diferente de tudo que aparento ser. – Espremi mais
ainda os olhos e ele riu. – Ou que pelo menos estou tentando ser diferente do
que aparento ser.
__Bom, se quer me
impressionar, está funcionando, isso aqui é lindo. – Falei observando a cidade
e depois olhei para Justin de novo, que estava em silêncio e sem expressão no
rosto. Seus olhos brilhavam tanto quanto as luzes da cidade e seu cabelo já por
cortar caía sobre seus olhos.
__Você também é. – Ele
se aproximou mais beijando o canto da minha boca e envolvendo meu rosto com as
mãos. Dei um selinho nele que jogou seu corpo com mais força para cima do meu e
envolveu minha cintura, me beijando de verdade dessa vez. Quando paramos por
falta de oxigênio, ele colou sua testa na minha, em um gesto totalmente
inesperado. Fechei os olhos por impulso rezando para que nenhuma chuva ou
contratempo estragasse um dos melhores momentos da minha vida. Há quantos anos
não me sentia assim, tão viva?
__Você é linda, Gomez.
– Ele disse novamente com seus olhos perdidos, focados em mim, mas não
concentrados em meu rosto. Desci meu olhar para sua boca, que estava entre
aberta e sorri antes de me aproximar dele novamente, o puxando pelo pescoço
cada vez para mais perto de mim, do meu corpo. Sua língua invadiu minha boca e
logo começamos a nossa batalha insaciável, quem cederia primeiro? Quem
aproveitaria mais aquele beijo?
O que sentia por ele
não poderia nunca acabar eu simplesmente precisava de momentos como aquele para
viver. Justin era minha nova droga. E todas que eu já havia provado, ele era a
minha favorita.
Flashback OFF
Saí do transe me levantando da cama com um pouco de
dificuldade, e passando a mão pelo rosto. Não sabia ao certo quanto tempo tinha
ficado viajando nas minhas memórias, só sabia que aquilo não tinha me feito nada
bem. Não adiantava o tanto que eu tentasse, eu nunca ia conseguir tira-lo da
minha cabeça. Em apenas dois meses, ele se tornou tudo que eu precisei minha
vida toda, e eu não ia conseguir apagar uma cicatriz como essa. E eu tinha
quase certeza que não queria apaga-la.
Caminhei até o banheiro jogando água pelo meu rosto e me
encarando no espelho. Oh, novamente não. Eu estava me perdendo, estava tendo
outra crise de ansiedade. Me encostei na parede e deslizei meu corpo até o
chão, inspirando o ar e tentando solta-lo com toda a força que eu tinha. Era
cada vez pior para respirar, e eu sentia meu corpo inteiro soar e tremer. Não
aguentava mais passar por isso pelo menos duas vezes por dia. Abracei meus
joelhos e abaixei a cabeça tentando manter a calma.
Correndo do meu passado, eu estou suplicando: Pés, não me falhem agora!
As lágrimas já rolavam
desesperadas pelo meu rosto, eu estava sem controle, e eu sabia exatamente por
que. Era muito mais fácil conter minhas crises de abstinência com Justin por
perto. Estava sempre distraída, sempre bebendo, sempre me ocupando com ele. E
agora estava sozinha, presa, pressionada e sabia que a única coisa que me
salvaria daquilo era também a única que me deixava sem salvação.
Eu não podia mais ignorar que era uma viciada.
E não uma ex- viciada, uma viciada de verdade.
Precisava de ajuda, ajuda e consolo da minha melhor amiga, precisava dela de
volta.
E era isso que ia fazer, ia buscar pela minha felicidade
miserável mais uma vez. Iria voltar as minhas malditas origens, minha maldita
casa.
Eu iria voltar para a boca de fumo da cidade que nunca
dorme, e iria me perder lá para compensar a falta que ele me fazia.
P.O.V Justin
Flashback ON
Estava com muito
calor, mas não tinha coragem para se quer me mover. Selena dormia sobre meu
corpo e seus cabelos grudavam em meu peito soado. Ela era tão linda, mais linda
assim, dormindo, com expressões leves, um quase sorriso no lábio. Seu peito
subia e descia e minha mão deslizava devagar pelas suas costas quentes e
desnudas. Eu nunca iria conseguir explicar como tinha achado aquela mulher. Ou
como ela havia entrado na minha vida. Eu só sei que ela estava ali, convivendo
comigo, dormindo comigo, e eu não tinha motivo nenhum pra reclamar disso. Se
fosse parar para pensar na nossa história, ela não era nada além de confusa e
sem peças que combinavam, mas o que importava afinal? Apenas fazia o maior
sentido pra mim. Tê-la em meus braços e poder tocar seu corpo a noite toda,
aliviar todo meu estresse e minha tensão com a mulher mais incrível que eu já
tinha conhecido. E se mesmo assim não fazia sentido, foda-se. Eu estava feliz,
feliz de um jeito que nunca tinha ficado antes. Estava feliz porque sabia que
ela era minha, sabia que só eu poderia toca-la, vê-la dormir e sorrir de um
jeito tão sereno. Feliz porque sabia que ela estava sempre lá me esperando e
não tinha sensação melhor do que essa.
Ficar envolvido desse
jeito era um problema que eu faria
questão de só resolver daqui há um milhão de anos. Se dependesse de mim, ela
não iria embora nunca.
Selena abriu os olhos
devagar e sorriu para mim, enquanto eu enrolava seu cabelo com a ponta dos
dedos.
__Você estava me
olhando dormir? – Ela perguntou com a voz sonolenta e o rosto amassado.
__Sim. – Assenti, eu
queria tanto segurar o sorriso, mas sempre acabava bancando de idiota e
sorrindo mesmo assim. Ela sorriu mais ainda me dando um selinho e eu retribuí
subindo por cima de seu corpo, aprofundando o beijo.
__Não quero que você
vá embora. – Falei em um tom quase que desesperado enquanto beijava seu pescoço
em uma pausa para respirar e me arrependi amargamente depois. Aquele era o tipo
de coisa que eu não deveria deixar sair da minha boca nunca. Ela afastou meu
corpo um pouco do seu me olhando com os olhos espremidos e depois sorriu.
__Não quero ir embora.
– A olhei por um segundo e depois voltei a beijá-la, começando mais uma vez
meus momentos de felicidade.
Eu nunca iria admitir
que ela me tivesse na palma das mãos, mas isso era uma realidade que eu não
conseguia conter.
Flashback OFF.
__Justin? Você ouviu o que eu disse? – Minha mãe me disse me
fazendo despertar do transe. Sai da porra
da minha mente, Gomez.
__Ahn, sim, mãe.
__E já tomou sua decisão? – Ela me perguntou esperançosa.
Porém aquelas malditas memórias tinham mexido demais com a minha cabeça, eu
precisava sair, ficar sozinho.
__Não, não vou nesse jantar pra me aliar com esses porcos
iguais o seu marido. – Revirei os olhos e ela me encarou triste. – Essa é minha
decisão, pra sempre, mãe. Tenho que ir. – Beijei seu rosto saindo da cozinha.
__JUSTIN! NÃO SE ESQUEÇA DE QUE ELE TAMBÉM É SEU PAI! – Ela
gritou para mim e eu apenas continuei a andar até o carro.
Saí da casa cantando pneu e dirigi pelas ruas mais desertas
daquele bairro, cada vez mais rápido. Não conseguia pensar em nada a não ser
que não aguentava mais. Não aguentava mais essa vida de merda que estava
levando, eu estava vivenciando o pior momento da minha vida. Estava vendo meus
negócios afundarem, meus amigos se afastarem, minha mãe morrendo lentamente e
meu pai me pressionar cada vez mais para ser o próximo manda chuva mirim no
governo dele. E estava aguentando tudo isso sozinho, com as malditas lembranças
do meu tempo com Selena sempre me perseguindo. Eu sabia que um dia ia ter que
enfrentar todo esse problema de me deixar levar pelo momento, de deixar ela se
acomodar em minha vida. Agora, os dias em que não falava com ela apenas não
pareciam... Dias corretos.
Era muita pressão, muita barra para eu aguentar sozinho. Eu
estava cada vez mais perdido e não sabia mais como me divertir sem algum
pensamento desses me assombrar. Eu estava morrendo, estava desfalecendo em
miséria sem ela por perto. Fiquei dois meses entorpecido com ela, sem precisar
de mais nada para me mantar com sanidade.
Eu enlouqueci
Mas agora era diferente, e eu precisava perder minha mente
novamente, precisava me desligar do mundo do meu jeito velho. Sempre funcionou
e não seria diferente agora. Ela me ajudou, mas dessa vez não ia funcionar.
Eu precisava da minha antiga e única salvação, precisava me
drogar.
E eu sabia exatamente onde iria encontrar o substituto
perfeito para a falta que Selena me fazia.
Longe de tudo, de todos os conhecidos, de todas as pessoas
que queriam me julgar ou me rotular, eu iria para um lugar onde eu sabia que
todos estavam se perdendo em busca da salvação. Eu iria para a maior boca de
fumo de Nova York novamente.
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Oi!! Como prometido eu postei dois capítulos essa semana, e vou tentar fazer sempre isso, escreve sempre que eu posso, o que ultimamente está sendo quase nunca... Enfim, esse capítulo foi mais chatinho e pra enrolar um pouco, no próximo as coisas vão ficar bem interessantes. Hehe
PS. A música tema desse capítulo é "The Drug In Me Is You" do Falling In Reverse, recomendo ela.
Por favor, me falem a opinião de vocês por aqui ou pelo meu twitter: @jbtoxicsg