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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Capítulo 8 - Stay Stay Stay


P.O.V Justin
Cheguei rápido á boate, ainda mais considerando a velocidade em que parti de casa. Selena não trocou uma palavra comigo o caminho inteiro e eu fiz o mesmo com ela, fiquei apenas a observando pelo canto do olho algumas vezes. Já estava mais calmo, mas ainda sentia meu sangue subir quando me lembrava daquela ceninha ridícula dela com os meninos no meio da minha sala. Porra! Ela mal tinha chego e já estava conseguindo me tirar do sério. Saí do carro e ela fez o mesmo parando ao meu lado e observando a frente da boate.
__Vem comigo. - Disse trocando a primeira palavra com ela desde manhã cedo. Ofereci minha mão e ela segurou desconfiada e confusa. A puxei para dentro da boate cumprimentando os seguranças que já estavam ali, todos me tratavam com respeito e devoravam a Selena com os olhos. Será que ela não consegue ficar sem chamar a atenção desses punheteiros de plantão? Subi para a área vip entrando em meu escritório. Selena entrou na frente parando para observar tudo e seus olhos passeavam pelo lugar moderno avaliando tudo com certa curiosidade bem engraçada de se observar. Fechei a porta atrás de mim e me sentei em minha cadeira atrás da grande mesa de vidro. Relaxei colocando os pés em cima do braço e apontei a cadeira a minha frente para a Selena.
__Gostou? – A perguntei com um humor na voz, ela parecia uma criança entrando em um parque de diversão.
__É tudo tão... Grande e luxuoso. É maravilhoso. – Ela arregalou os olhos observando o lugar mais uma vez e depois olhando para mim, corando um pouco.
__Gosta de luxo? Bom, parece que temos algo em comum. – Sorri pra ela com os olhos escurecidos e ela corou mais. Logo depois voltou a sua posição de superioridade, fechando a cara. Bom, que os jogos comecem.
__Sabe o que não temos em comum, Bieber? – Ela se inclinou sobre a minha mesa chamando a minha atenção para o seu decote e eu me arrumei na cadeira, ficando sério também, segurando a vontade de rir.
__O que?
__Eu não gosto de mentiras. – Ela se levantou e eu fiz o mesmo.  Caminhei até o frigobar com um sorriso no rosto e enchi meu copo com uma dose de Whisky. Ela encostou-se à mesa e eu parei logo à frente, esperando para que ela prosseguisse. – Eu vivi em um orfanato por muito tempo sabe? E as freiras podem ser... Impacientes algumas vezes. E toda vez que eu mentia, e olha que eram muitas... – Ela sorriu parecendo recordar uma lembrança boa, mas depois seus olhos voltaram a me fitar, gélidos. – Elas me castigavam de alguma maneira. Por isso peguei ódio por mentiras e por quem mente, também.
__Está dizendo que eu deveria receber um castigo por mentir sobre você? – Ela assentiu lentamente e eu dei mais um gole em minha bebida, rindo. – Más notícias pra você, Gomez, mas ninguém me castiga. – Pressionei meu corpo no dela, a deixando sem saída e fazendo nossas intimidades se chocarem.
__Más notícias pra você Bieber, mas tudo tem sua primeira vez. – Ela sorriu segurando minha nuca e me dando um selinho, e depois mordendo meu lábio inferior.
__Isso nós veremos. – A puxei pela cintura invadindo sua boca e ela logo retribuiu. Sugando meus lábios com força, já podia sentir minha ereção e o sangue em minhas veias fervia. Acho que nunca me cansaria dessa sensação, de foder daquele jeito alucinante com ela. Sua mão parou em meu cabelo e ela o puxou para baixo me fazendo ficar com mais excitação ainda. Estava pronto pra arrancar aquela calcinha que ela chamava de shorts e ter a melhor sensação da minha vida, mas fui interrompido pelo gosto de sangue em minha boca logo depois que ela mordeu com força meu lábio. Dei dois passos pra trás passando a mão na boca e a observando.
__POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?
__ Regra número do meu manual de funcionária, nunca se envolver com o dono do estabelecimento. – Ela se afastou da mesa sorrindo irônica pra mim.
__ Você é completamente louca! – Fui pra cima dela que arregalou os olhos e fugiu de mim.
__Louca? Eu? – Ela riu. – Foi você quem disse que eu era a nova gerente da boate, só estou seguindo as regras. Sou funcionária, então, sem sexo com você.
__EU NÃO SEI SE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU. MAS QUEM FAZ AS REGRAS POR AQUI, SOU EU. – Gritei e ela estremeceu. – E SEM SEXO É O CARALHO, VOCÊ ME ATIÇOU, AGORA VAI TER QUE ME AGUENTAR. – A empurrei contra uma parede tentando tirar sua blusa, não sabia nem o que estava fazendo, mas ela tinha conseguido me deixar puto e agora ia ter que arcar com as consequências.
__Para. Justin. Não. – Ela tentava me empurrar enquanto eu continuava a beijar seu pescoço e tentava abrir seu shorts. Sua blusa já tinha virado trapo faz tempo.  – É sério Justin! JUSTIN! – Ela deu uma joelhada com força no meu pau me fazendo cambalear e contorcer de dor.
P.O.V Selena
Corri para longe dele tentando pegar minha blusa que estava em cima da mesa, mas ela estava completamente acabada e sem condições de vestir. Ele iria pagar caro por isso. Observei pelo canto do olho que ele já estava se recuperando e segui meu primeiro pensamento, pegando a primeira chave que achei na mesa, saí correndo da sala o deixando lá, gritando meu nome. Justin parecia um louco e ele realmente tinha conseguido me dar medo. Tudo bem que eu o tinha provocado um pouco, mas foi ele quem pediu por isso! Se ele achava que ia botar mentir pros seus amigos ou sócios sei lá, sobre mim e continuar numa boa, ele estava muito enganado. Ferir meu orgulho era o pior que ele poderia pedir de mim. Eu não pensava quando estava com raiva e pelo jeito ele também não. Podia ouvir seus gritos e seus passos pesados descendo as escadas e saí da boate, correndo mais ainda. Rezava mentalmente para que aquela fosse à chave do carro dele e apertei o botão, o destravando. Tive vontade de soltar um gritinho de vitória, mas Justin já tinha saído da boate e praticamente me alcançando. Entrei no carro com pressa, e como estava tremendo demorei pra conseguir colocar a chave e dar partida no carro. Justin batia no vidro do carro com força e gritava coisas que eu não conseguia compreender, mas percebi que ele não estava em seu juízo normal.  Arrancei o carro dali quase passando por cima do pé do Justin e segui rumo à estrada, ele tentou correr atrás de mim, mas parou assim que eu peguei a estrada da rodovia. A boate era afastada da cidade e eu não fazia noção de que caminho seguir. Mas fui dominada pelo medo dele tentar fazer qualquer coisa comigo. Minutos depois eu já estava mais calma e dirigia mais devagar, observando atentamente o acostamento da rodovia, que me trazia muitas lembranças. Senti meus olhos arderem, não, eu não poderia chorar, meu passado estava enterrado, eu havia o deixado á alguns quilômetros de Nova York. Eu já não era mais aquela garota assustada, que não conhecia nada do mundo além de um velho orfanato e um casebre sombrio. Agora eu era forte, e estava decidida a nunca mais ser submissa a outro homem. Talvez roubar o carro de Justin foi loucura, assim como ir morar com ele sem o conhecer também foi. Mas essa era eu, eu gostava de adrenalina, gostava de me arriscar, por mais que às vezes tivesse que conviver com as piores consequências. O conforto, uma rotina, uma vida monótona, isso não era pra mim, eu tinha nascido para ser livre, eu era do mundo. E com o passar dos anos aprendi que as pessoas teriam que me aceitar daquele jeito, custe o que custar.
Já tinha chego á casa do Justin e ainda estava com orgulho de mim mesma por ter conseguido uma fuga tão incrivelmente perfeita e ainda tinha achado o caminho da sua casa. Estacionei o carro na garagem, quase o batendo e isso gelou meu coração. À uma hora dessas Justin deveria estar puto comigo e se eu estragasse um dos seus carros, aí sim as coisas iriam ficar feias para mim. Homem e seus brinquedos. Revirei os olhos sorrindo e adentrei a casa. O silêncio predominava, eu só via algumas empregadas passarem determinadas pela casa às vezes. Sempre sorria para todas, mas nenhuma me retribuía. Aproveitei que estava sozinha para explorar aquela casa, casa não, aquela mansão. Havia mais de um escritório, um eu sabia que era do Justin e o outro eu não fazia ideia, estava passando reto quando uma placa dourada na porta de outro escritório chamou minha atenção. Nela dizia ‘’ Sala de Reuniões. – Governador’’ fiquei um tempo tentando a entender e então me lembrei da primeira vez que vim aqui com Justin e ele havia mencionado que estava morando com seus pais por um tempo até sua casa ficar pronta. Naquele dia, fiz pouco caso daquilo, afinal, era só uma noite e ele disse que seus pais estavam viajando por tempo indeterminado. Mas agora, tudo parecia muito errado. Como vou morar aqui com ele se a casa na verdade é de seus pais? E eles pareciam realmente muito importantes, será que seu pai era governador? Isso era mais errado ainda. De repente comecei a me sentir mal ali. Como se eu fosse uma intrusa, como se estivesse invadindo aquela casa.  A falta de Justin ali só piorava tudo. Entrei em um corredor onde havia vários quadros na parede, fotos do tal governador, que agora eu tinha certeza que era o pai de Justin, cortando uma faixa junto com prefeito. Depois outra foto de vários homens bem arrumados e suas mulheres, em um jantar junto do presidente e da primeira dama. Uou, aquilo era realmente demais para mim. A outra foto era de Justin e seus pais, quando ele ainda era pequeno. Seu sorriso nunca mudou, com o passar do tempo, Justin mudou os traços do rosto, parecia velho demais para sua idade, sério e branco demais. Mas seu sorriso continuava o de uma criança. Uma criança feliz como aparentava naquele quadro. Sua mãe era realmente linda, dava para perceber a quem Justin tinha puxado. Não sei quando tempo fiquei observando aquele quadro, mas só me dei conta quando senti uma lágrima fria descer pelo rosto e contornar meu nariz e meu queixo.  Aquilo sim era demais para mim. Ele realmente era de outro mundo, eu com certeza não o merecia. Eu nunca me encaixaria a todo aquele luxo, aquela riqueza. E mais uma vez eu me senti uma intrusa, uma imunda adentrando aquele lugar. Subi correndo as escadas e abri a porta do quarto do Justin, jogando minha mala em cima da cama e colocando apenas as roupas que eu já tinha tirado novamente nela. Eu chorava cada vez mais e nem sabia ao certo o motivo. Chorava por talvez tiver feito uma loucura grande demais, que eu não pudesse suportar, chorava porque sabia que aquilo tudo era bom demais para mim, chorava por medo de nunca mais o ver, chorava por medo da reação dele, chorava de inveja de sua riqueza e da sua estúpida família perfeita. Eu não deveria me meter naquele mundo. E ir embora seria o melhor a fazer. Senti alguém abrir a porta bruscamente e virei, vendo um Justin confuso parado a minha frente. Meu coração gelou. Seu olhar parou em mim e logo depois em minha mala. Olhei para mala também e depois para ele.
­­__Selena? O que você está fazendo? Por que está chorando?
__Eu estou embora Justin. – Falei baixo olhando para os meus pés.
__O que? – Ele caminhou até mim. – Olhe para mim. – Levantou meu queixo com sua mão e voltou a me encarar com suas sobrancelhas franzidas. – Primeiro, por que está chorando? Por vai embora? – Ele parecia um tanto quanto apavorado e todo o medo que estava sentindo, desapareceu.
__Porque eu preciso ir. Eu não pertenço a esse lugar Justin, eu não pertenço a sua vida. – Fechei os olhos com força soltando mais algumas lágrimas e ele passou a mão carinhosamente pelo meu rosto.
__Por que está falando isso? Alguém disse alguma coisa a você?
__E nem precisa dizer. É só observar os fatos. Olhe para mim, pro meu trabalho, e agora olhe pra você, pra essa casa, pra sua vida. – Minha vontade de chorar foi cessando e eu já conseguia falar com meu tom de voz normal. – E quando você ia me contar que seus pais moram aqui também?
__Eu contei, achei que você ainda se lembrasse. Mas eu falei sério quando disse que é só por enquanto. Eu aproveitei que meu pai teve que viajar a negócios para terminar de pintar e mobiliar minha casa. No máximo até semana que vem, já vou poder me mudar para lá.
__Bom, isso não importa agora. Porque essa não é a questão.
__E qual é a questão, o que te fez mudar de ideia tão rápido?
__Justin, eu estou me sentindo uma idiota. Isso é ridículo. Nós mal nos conhecemos e já tomamos um passo enorme, faz menos de uma semana que estou aqui e já estamos brigando. Você realmente acha que isso vale a pena? Isso não faz sentido nenhum, eu não te conheço pra saber se é com você que quero passar todos os dias da minha vida, não sei sobre você, sua família. E tudo que eu sei, é que não combinamos em nada. Você é demais para mim. Isso não está certou eu... – Ele me interrompeu pressionando os seus lábios nos meus com força, segurando meu rosto com as duas mãos e ficou assim por um bom tempo. Toda tensão que dominava meu corpo passou em segundos. – JUSTIN!
__Isso foi pra você parar de falar. – Ele colou a testa na minha e sorriu, me fazendo sorrir junto, ele conseguia ser tão bobo quando queria. Depois ele segurou meu rosto com as duas mãos e se afastou um pouco, me olhando no fundo dos olhos. – Você tem razão, não nos conhecemos e já estamos brigando. Mas não vai embora assim, não foge de mim tão rápido. Me dá mais uma chance? Vamos nos conhecer, eu te respondo tudo que você quiser saber.
__Você acha que realmente vai funcionar? Hoje você estava fora do controle, realmente me assustou. Se eu não tivesse fugido eu não sei o que aconteceria... – Estremeci e ele me olhou assustado.
__Não queria ter te assustado, mas eu perco o controle às vezes. Prometo que vou me controlar, só não me provoca mais usando sexo. Eu fico louco quando estou perto de você, te querer é mais forte que eu.
__Seu. Ninfomaníaco. – Falei rindo e ele riu também. E deslizou as mãos pelos meus braços, segurando minhas mãos. – Nós podemos tentar tudo bem. Mas sobre ficar aqui... Saber que essa casa não é sua realmente me incomoda, eu me sinto uma intrusa.
__Tudo bem, posso agilizar as coisas na casa e nos mudamos ainda essa semana. E por favor, nunca mais se sinta idiota. Ou pense em ir embora, em fugir sem me avisar. Eu realmente quero tentar, Selena... Tem algo em você que me faz acreditar que podemos dar certo, que dá vontade de tentar... – Naquele momento, me senti uma adolescente, com o coração batendo forte e borboletas no estômago. Eu realmente não poderia deixa-lo assim tão rápido. Eu queria tentar essa loucura por mais tempo com ele.
__Também quero tentar te conhecer melhor Justin, também quero tentar algo com você...
__Então, você vai ficar? Vamos começar tudo novamente? – Assenti e ele abriu seu melhor sorriso, aquele sorrisão de criança que comeu doce antes do almoço. Ah, eu poderia observar aquele sorriso pra sempre e não me enjoaria dele. Sorri de volta e ele me puxou para perto, me surpreendi mais uma vez, quando ele me abraçou e beijou minha testa. Talvez eu devesse mesmo conhece-lo melhor.
Almoçamos e depois ficamos assistindo filmes na sala enorme de TV daquele lugar. Estava me surpreendendo como Justin não tinha tentado nada demais comigo a tarde toda. Além de alguns beijos e algumas carícias, não havia passado disso. Ter a sensação de que ele realmente não queria só sexo comigo era maravilhoso. Estava tudo tão bom que eu perdi a noção do tempo, quando vi, já tinha escurecido.
__Mas que caralho! – Pensei alto e Justin me olhou.
__O que foi? Não está gostando do filme? – Ele disse meio debochado e eu sorrio revirando os olhos e negando.
__Não é isso, é que eu perdi os ensaios na boate hoje, vou levar uma bronca daquelas e a Ashley vai me matar, ela deve estar me procurando.
__Liga pra ela e diz que está tudo bem. – Justin disse se espreguiçando mas sem se separar de mim.
__É melhor eu me arrumar e já ir pra boate, assim já falo com ela.
__IR PRA BOATE?  - Justin gritou surpreso me assustando e me soltando.
__Sim, ir pra boate. Qual o problema, eu trabalho lá, esqueceu? – Sorri sem entender o porquê daquela reação.
__Não, você trabalhava. Agora você mora aqui, comigo.
__E no que isso muda?
__Você é minha agora, Selena. Você mora comigo, e eu não vou aceitar você tirando a roupa pra outros homens.
__Mas é o meu trabalho, Justin. É como eu me sustentei esse tempo todo, eu também não gosto dele, mas eu não vou parar de trabalhar só porque vim morar com você. E já disse que não sou nenhum objeto para você tomar posse de mim.
__Agora eu posso te sustentar, e eu já disse porra e vou repetir até você entender, se liga: VOCÊ É MINHA E QUEM FAZ AS REGRAS AQUI SOU EU. E você NÃO VAI mais trabalhar lá. Eu não vou aceitar você andando comigo e depois sendo uma vadia para aqueles velhos babões.
__VOCÊ NÃO MANDA EM MIM JUSTIN. EU VOU TRABALHAR NA BOATE E PRONTO. – Ele olhou para mim com os olhos queimando de raiva e eu senti a cena da manhã se repetir, mas ao invés disso, ele se levantou e caminhou para fora da sala.
__AONDE VOCÊ VAI? – Gritei me levantando também e ele se virou, sério e com o olhar frio que me causava arrepios.
__Vou esfriar a cabeça, prometi que não iria perder o controle, e eu sempre cumpro minhas promessas.



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Capítulo 7- Love Game.


P.O.V Selena
Um barulho alto de porta batendo me fez despertar, olhei em volta, aquele com certeza não era meu quarto.  Minha mente girava, não conseguia focar meu olhar em apenas um local e tudo que estava sentindo me dava à certeza de que na noite passada eu tinha me entupido de drogas. Levantei rapidamente sentindo uma tontura, ignorei e caminhei até o banheiro. Olhei meu reflexo no espelho, aquilo simplesmente não poderia ser eu. Cabelos bagunçados e mal cuidados, olheiras fundas, olhos inchados, meu rosto magro e pálido. Todos os meus ossos estavam saltados, havia hematomas por todas as partes do meu corpo, como eu pude deixar aquilo chegar tão longe? Joguei água no rosto tentando aliviar minha dor de cabeça e minha tontura, e depois de me torturar mais um pouco me observando no espelho, voltei para o quarto. Fui até o closet e escolhi uma roupa para ficar em casa. Aliás, todas as minhas roupas eram pra ficar em casa, já que ele me mantinha como prisioneira. Eu não conseguia me lembrar de quando que minha vida tinha se tornado tão infernal , eu apenas tinha chegado a um ponto em que eu não sabia mais como mudar, virar a situação, ser independente mais uma vez. Ouvi a porta sendo escancarada e um arrepio passou por todo o meu corpo. Eu não precisava nem olha-lo, já sentia de longe o cheiro de álcool misturado com covardia que ele exalava. Me virei o encarando, ele estava encostado na porta me observando. O mesmo sorriso irônico nos lábios, apesar de ser um drogado filho da puta, ainda continuava tão incrivelmente lindo. Mas meus suspiros por ele já não era de admiração ou paixão enlouquecedora, era de um amor doentio.
__Oh Selena... Você está tão bonita hoje... Senti sua falta, meu amor. – Ele tinha dificuldade para falar e vinha andando em passos tortos. Dei dois passos para trás, e ele se aproximou com agilidade me pegando pela cintura e me apertando contra seu corpo, beijando meu pescoço. Comecei a me contorcer, o afastando e ele revidou me segurando com mais força.
__Não... Para, por favor, para. – Eu sussurrei quase perdendo as forças enquanto ele descia as alças da minha blusa. Ele me empurrou na cama me fazendo deitar, ficando por cima de mim. Virei o rosto quando ele tentou me beijar, e assim que ele soltou meus braços para prender suas pernas ao lado do meu corpo, eu fui mais rápida e dei uma joelhada em seu membro.  Ele se contorceu de dor e eu consegui me soltar, indo em direção a porta. Senti suas mãos em meu ombro, os apertando forte, deixando a marca de seus dedos ali. Ele me virou ficando de frente com ele e me empurrou, fazendo meu corpo se chocar contra a porta. Senti o primeiro tapa adormecendo todo o meu rosto e antes mesmo que eu pudesse virar o rosto, recebi um soco no olho direito. Ele me empurrou no chão e deu vários chutes no meu estômago. Eu estava fraca, não tinha como me defender, não tinha como fugir, só tinha que ficar ali sendo o brinquedinho dele. O objeto para ele descontar sua raiva e sua frustação na vida. E o que mais doía, era aquela sensação que estava dentro de mim há muito tempo, aquela voz em minha consciência que me humilhava, me culpava, dizendo ‘’Sua inútil, foi você quem provocou tudo isso, foi você que deu essa liberdade para ele’’, e eu não podia negar nada, a culpa crescia sobre mim e a verdade é que eu já não tentava mais me esconder dela, pois todas as vezes que tive a opção de reverter à situação, eu não fiz nada. Se eu soubesse que ele era esse monstro, não teria deixado se apoderar da minha vida, me tirar da minha vida, da minha casa, me trazer pro seu próprio inferno.  Ele continuava me chutando e agora já estava por cima de mim, acertando meu rosto com socos e tapas descontrolados. Eu não tentava mais me defender, simplesmente ficava parada rezando para morrer logo. E foi aí que minha prece foi atendida. Tudo aconteceu tão rápido, em um momento estava o acertando com um soco e no outro, ele já estava com uma faca apontada para mim. Meus olhos se arregalaram, meu sangue gelou, meu coração parou. Não podia ser... Então era isso? Ele iria me matar? Eu iria morrer por tão pouco. Eu não podia, eu tinha que tentar ser forte, sair daquela vida, ser eu mesma novamente. Comecei a gritar e empurra-lo com toda a força que tinha, implorava para ele parar, implorava para mim mesma para conseguir me livrar de suas mãos. Até que toda a força que eu tinha desapareceu, e minha cabeça bateu com força no chão. Não tinha força para falar, tudo rodava e meus olhos pesavam. Meu braço latejava, virei o rosto para observá-lo e sabia que tinha chegado ao fim. Ver aquela faca cravada em mim foi um sinal de que eu realmente não tinha mais salvação. Meus olhos foram se fechando lentamente e depois disso tudo ficou branco, frio, incerto.

__SELENA! SELENA! SELENA, PELO AMOR DE DEUS FALA COMIGO! – Justin gritava me chacoalhando na cama. Eu suava e havia lágrimas nos cantos dos meus olhos. Eu olhei em volta, estava no quarto de Justin, estava apenas enrolada em um lençol e ele estava apenas de cueca, me olhando assustado com as sobrancelhas franzidas.
__Você estava tendo um pesadelo? Você gritava, chorava e se debatia. Eu não sabia mais como tentar te acordar. – Ele passou a mão no meu rosto, secando as ultimas lágrimas que caíam e eu deitei meu rosto em seu peito nu, suspirando e sentindo seu perfume. Sua pele quente, seu cheiro fresco, aquilo me dava uma sensação de conforto e a certeza de que tudo não passava de um terrível flashback em forma de sonho. 
__Está tudo bem agora... Eu estou aqui, fica calma... – Justin sussurrou e depois beijou minha testa. Nem eu imaginava que ele podia ser tão fofo, tão protetor, mas ele era tudo que eu precisava naquele momento.
Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas fez eu me acalmar completamente.
__Eu tenho que resolver algumas coisas hoje a tarde, vou ter que te deixar sozinha... – Justin falou e eu fiz uma cara feia de quem não tinha aprova a ideia. – É eu sei... Juro que não queria, mas preciso resolver algumas coisas. Mas antes, quero que você conheça algumas pessoas. Se arruma e desce em 15 minutos. – Ele disse mandão e eu não pude deixar de sorrir. Eu tinha acabado de chegar e ele já estava tomando posse de mim. Dei um beijo leve em seus lábios assentindo e depois ele se levantou, sumindo de vista. Me estiquei na cama e fiquei processando tudo que estava acontecendo na minha vida.
P.O.V Justin
Desci as escadas encontrando todos os moleques jogados no sofá da sala principal, conversando e fazendo o maior barulho. Todos pareciam relaxados, até caras normais. Eles eram umas das únicas pessoas por quem eu me queimava, realmente colocaria a mão no fogo por todos eles. Me joguei em um dos sofás no meio de Ryan e Chaz me espreguiçando e rindo de alguma piada estúpida que Drake tinha soltado.
__Eaí seus cuzões, quais os planos pra hoje? – Perguntei dando um tapa na cabeça de Ryan que retribuiu me olhando com cara feia.  
__A gente tem uns carregamentos pra checar em um dos galpões e depois vamos cada um pra uma boate diferente.  – Lil disse se mantendo sério, todos estavam prestando atenção atentamente e os sorrisos bobos já haviam sumido. Com trabalho a gente não brincava, uma mancada e todos nós iríamos pro inferno juntos.
__Eu preciso ir entrevistar umas putas novas pra algumas boates e pros serviços particulares. – Ryan disse pervertido. – Quer ir juntos comigo, Drew?
__Não... Vou passar dessa vez Ryan.
__Que foi meu irmão? Ta virando gazelinha é? – Ryan disse tirando uma com a minha cara fazendo todos rirem.
__Cala a boca seu viajão, eu tenho coisas melhores pra fazer, vou cuidar do pagamentos dos tiras e dos políticos, e depois vou em um dos galpões checar o carregamento e separar as drogas.
__Beleza cara, relaxa o cu aí. – Ryan disse mais uma vez fazendo todos rirem e eu fechei a cara pra eles.
__Foco no trabalho, caralho! – Gritei fazendo todos ficarem sérios de novo e logo Brown começou a me explicar como andava o movimento e o lucro das boates.
__Puta que pariu, quem é aquela gostosa ali Drew? – Chaz falou alto olhando para a escada, chamando atenção de todos e logo eles olharam na mesma direção que ele.
Eu devia imaginar que essa iria ser a reação deles, e fiquei aliviado que nenhum deles a reconheceu como a stripper. Selena usava um shorts que mais parecia um cinto e aquilo me deixou puto. Ela ficou vermelha pelo comentário de Chaz e com todos os olhares, Ryan e Drake a olhavam como se ela fosse algum pedaço de carne e Lil, Chaz e Chris olhavam como se já estivessem comendo esse tal pedaço.
__Oi... – Selena desceu as escadas e falou baixo, parando ao meu lado.
__Ahn... Selena esses são Ryan, Chaz, Chris, Drake e Lil Twist, os caras que trabalham comigo e gente essa é a Selena, a minha... Ahn... – Cocei a nuca pensando por um tempo e ela me olhou esperando que eu prosseguisse, assim como todos os outros. – Minha nova dançarina e gerente da boate principal. – Aquela foi a melhor desculpa que tinha conseguido arranjar, não sabia como apresentar ela realmente, então mentir foi a melhor saída. Só percebi a burrada que tinha feito quando ela me olhou de cara feia e sorriu irônica para os meninos.
__Muito prazer, parece que vamos trabalhar juntos. – Ela disse com uma voz sedutora e senti meu sangue ferver.
__Por enquanto o prazer é todo meu, mas pode ser seu também em breve. – Ryan disse fazendo graça beijando sua mão e Selena sorriu piscando pra ele feito uma vadia. Se ela estava fazendo isso pra me provocar, estava funcionando e muito bem.
__Dançarina e gerente né? – Drake a perguntou e ela olhou pra mim assentindo, mais irônica do que nunca. Eu continuava sério tentando controlar minha raiva para não arrebentar a cara de todos eles e depois a dela. – Será que você consegue gerenciar um show particular seu pra mim qualquer dia desses?
__Claro, seria uma honra. – Ela piscou pra ele sorrindo.
__Já chega, vocês vieram aqui pra trabalhar ou ficar mosqueando? Andem caralho, ou vou estourar a cabeça de todos vocês. – Disse rude deixando minha raiva transparecer.
__Calma aí Drew, só estávamos socializando. – Ryan disse piscando pra Selena e ela olhou pra baixo envergonhada.
__Então, eu vou indo pro galpão, mas antes vou passar em uma das boates pra recolher o caixa. – Disse sério e todos assentiram pegando seus pertences e me seguindo para o jardim de casa, onde os carros estavam estacionados.
__Eu vou junto com você. – Selena falou firme e todos a olharam espantados. Já eu, a olhei incrédulo.
__Como é que é?
__Bom, já que vou gerenciar a boate, preciso conhecê-la antes. Vou junto com você, assim você pode me mostrar como funciona tudo. – Todos os meninos ainda estavam ali e nos observavam. Ela estava jogando comigo, então eu só iria jogar de volta. Mas o preço iria sair caro para ele.
__Tudo bem então, vamos. – Disse irônico encarando o fundo dos seus olhos e ela sorriu para mim deixando sua raiva transparecer também.
Assim que todos partiram, liguei meu carro e saí voando daquela casa. Eu podia arrebenta-la bem ali, ou leva-la de volta para casa e acabar com toda aquela palhaçada. Mas ela queria brincar com fogo, e eu ia estar ao lado dela para vê-la se queimar.