P.O.V Selena
Corria cada vez mais rápido, já estava muito a frente da
casa de John, mas ainda o sentia atrás de mim. Arrisquei olhar para trás e
percebi que estava correndo sozinha no meio de uma rodovia. Provavelmente ele
ainda não tinha acordado. Precisava achar um jeito de ir para o outro lado da
cidade, ou ele certamente me acharia. Meus cabelos grudavam em minha testa e
meus pés soavam e doíam por debaixo do meu coturno preto e surrado. Usava meu short jeans de sempre e uma blusa
de banda antiga rasgada nas mangas por mim. Andei mais um pouco pelo acostamento,
era por volta das três horas da manhã e poucos carros passavam por ali, e os
que passavam, estavam em uma velocidade absurda, ou rápido demais para sequer
me notar. Sentei na estrada mesmo, e enterrei meu rosto em minhas mãos. Depois
de cinco anos, tomei coragem para fugir do meu próprio inferno. Lembro-me de ir
à igreja e sempre ouvir que quando a vida te tirava alguma coisa, Deus te
recompensava com uma nova oportunidade. Pois então, acho que Deus se esqueceu
de mim, pois eu ganhei uma oportunidade, mas perdi uma vida. Estiquei minhas
pernas as observando. Sentia vergonha, nojo e até mesmo medo de mim mesma. Os
hematomas estavam cada vez mais fortes e perceptíveis. Observei meus braços com
as mesmas marcas, e passei a mão com cuidado sobre meu olho esquerdo, sentindo
o inchaço e a ardência que minha mão causava tocando naquele local. Os
machucados mais recentes, da surra de ontem, ainda latejavam. Os outros eram
apenas marcas dolorosas da minha realidade. Tolerei por tanto tempo, aguentei
tudo calada nos últimos 21 anos. Mas agora, seria diferente. Se comecei, agora
iria até o final. Agora iria viver a minha vida, do meu jeito, com as minhas
regras, minhas escolhas, iria transformar meus erros em algo secreto, e ninguém
jamais, conheceria meu eu verdadeiro. O amor que sentia por John tinha se
transformado em algo tão doentio que fez eu me perder, perder o meu amor
próprio. A partir de hoje, ele seria apenas o meu motivo para seguir em frente,
ele seria a marca de que aquela Selena que se apaixonou perdidamente por ele,
morreu ali com ele. Ele seria apenas a marca do meu recomeço, e todas as nossas
lembranças boas, que antes passavam em minha cabeça depois de cada briga,
seriam apagadas, e substituídas por todas as vezes que ele me bateu, me
humilhou e tirou a minha vida. Eu fugi daquela casa prometendo nunca mais
voltar, e minha alma e meu coração ficaram por lá. Mas isso não importava mais,
porque eu não precisaria disso pra viver daqui em diante.
Levantei-me enxugando as poucas lágrimas que insistiam em escorrer,
e depois caminhei em direção á cidade. Nunca tinha aproveitado Nova York como
deveria, mas agora seria um bom começo pra isso.
Cinco meses depois...
Abri os olhos com dificuldade, minha cabeça doía e tudo ao
meu redor girava. Tapei os olhos com as mãos e alguns segundos depois, me
acostumei com a claridade. Suspirei observando rapidamente o lugar em que
estava. Um lençol de seda me envolvia e pela parte do quarto que observei, o
hotel parecia ser luxuoso. Virei-me para
o lado oposto ao que estava dormindo e encontrei um cara de mais ou menos uns
trinta anos, com a barba bem feita e grandes olhos azuis me observando e
sorrindo.
__Bom dia gata! – Ele se aproximou na tentativa de me
beijar, mas eu virei o rosto. Sentei na cama me espreguiçando e depois levantei,
deixando o lençol escorregar pelo meu corpo e revelar que estava apenas com
roupas íntimas. Comecei a procurar minhas roupas pelo chão do quarto e assim
que achei minha saia, a vesti. – Aonde você vai? – O homem perguntou novamente.
__Preciso ir embora. - Disse dando de ombros e vestindo
minha blusa, logo depois o sapato e penteando o cabelo com os dedos.
__Mas já? Ir embora assim? – Ele se sentou na cama e me
encarou confuso.
__É, vou ir embora agora e assim. – Disse cortando o assunto
estava começando a me cansar da cara dele e precisa ir embora. – Mas... Valeu
pela noite. – Tentei forçar meu melhor sorriso, apesar de nem me lembrar do seu
nome ou o que fizemos na noite anterior.
__Claro, com certeza foi um prazer pra mim. – Ele sorriu
malicioso. – Podíamos repetir mais vezes, não acha? – Soltei um riso debochado
e ele mais uma vez, me encarou confuso.
__Não, eu acho que não. – Pisquei para ele e saí do quarto,
fechando com força a porta atrás de mim. Peguei o elevador vazio –ainda bem- e
caminhei até o saguão do hotel, avisando á recepcionista que meu “marido” ainda
estava no quarto e que ele iria pagar depois.
Por algum milagre, peguei um taxi já na primeira tentativa
de chama-lo, e depois de dar as coordenadas até o meu apartamento ao senhor que
o dirigia, peguei meu celular que tocava freneticamente dentro da bolsa. Claro,
era Ashley.
__Fala minha fã. – Atendi risonha, só de pensar que ouviria
sua voz do outro lado da linha, já me alegrava, Ashley era o motivo para algum
sentimento ainda existir em mim: o sentimento de amizade. Ela era minha melhor
amiga, minha irmã, minha mãe, era a única pessoa que sabia tudo sobre minha
antiga vida e com uma história parecida com a minha, me compreendia totalmente.
__Sua vadia louca! Onde você está? Onde passou a noite? –
Ela esbravejou.
__Calma gatinha, estou chegando em casa. E eu sinceramente
não lembro onde passei a noite, apenas acordei em um hotel cinco estrelas com
um cara gostoso ao meu lado. – Ela gargalhou o que me fez rir junto.
__Tudo bem então, achei que você tinha esquecido que temos
ensaio na boate hoje à tarde. – Ela disse ironicamente e desligou o telefone.
Porque eu tinha esquecido, e ela sabia disso. E já estávamos praticamente
atrasadas.
Depois que fugi com apenas o dinheiro para emergências de
John, o gastei quase todo em roupas já no segundo dia. E com o que sobrou, fui
há uma balada de NY. Apenas queria me divertir na época, mas nem pensei que não
teria onde morar depois daquela noite. Foi aí que conheci Ashley, uma dançarina
da boate que me ajudou quando eu estava passando mal no banheiro. E no outro
dia, quando acordei, estava em sua casa. Ela se ofereceu para dividir o seu
apartamento comigo depois que contei que havia fugido da casa do meu pai
drogado e descontrolado (uma mentira que foi necessária na época), e ainda
conseguiu um emprego para mim na mesma boate em que ela trabalhava como
dançarina. E bom, eu também virei uma, só que eu era stripper e ela... Tirava
algumas peças a menos de roupa. Depois de dois meses convivendo com ela sentia
coragem de contar o verdadeiro motivo por qual fugi, e depois de contar toda
minha história. E digamos que a dela não era nem um pouco boa, igual a minha. A
partir daí, ela virou minha melhor amiga, minha irmã, a única pessoa cujo eu
era verdadeira no mundo. E por enquanto, nada mudou. Somos apenas eu e ela, pro
que der e vier.
Paguei o taxista e saltei em frente ao prédio antigo em que
eu e Ashley dividíamos um também antigo e pequeno apartamento. Digitei a senha e entrei, o silencio pairava.
Apesar de o prédio ser humilde, um porteiro sempre ficava no hall e estranhei
não encontra-lo ali. Ele tinha onze andares e o elevador era antigo, com
aquelas portas pesadas de empurrar. Morávamos no sétimo andar e durante todo o
trajeto até lá dentro do elevador eu fiquei batendo o pé de um jeito ritmado,
meu salto entrava em contato com o chão e fazia um barulho alto. Minha cabeça
continuava a latejar, mas eu já estava acostumada e às vezes nem percebia.
Tirei minha chave de dentro da bolsa, destranquei a porta e
adentrei rapidamente o apartamento, tropeçando no tapete, fazendo meu celular
voar, minha bolsa cair de meu braço e eu quase beijar o chão. Escutei uma
gargalhada gostosa e assim que subi o olhar do chão para o sofá, encontrei uma
loira quase chorando de tanto rir da minha situação. Ashley já estava com os
trajes de dançarina da boate, ela era a única que andava na rua de dia com
aquelas roupas sem nem se importar.
__Você adora uma entrada triunfal, né? – Ela disse rindo e
pegando meu celular no chão, começando a vasculhar.
__E você adora ser vadia, mas eu não fico comentando. –
Disse no mesmo tom debochado que ela soltando um sorriso irônico no final.
__Olha aí, a suja falando da mal lavada. Como foi a noite
ontem? Transou como um leão selvagem? – Ela se jogou no sofá e ficou me
encarando.
__Não lembro. – Dei de ombros indo até meu quarto e pegando
uma toalha para tomar banho.
__Como não lembra? – Ela perguntou descrente. – Ou foi tão
ruim que você não quer me contar? Ele broxou amiga? – Ela disse agora em um tom
preocupado, comecei a rir da sua cara e depois voltei a minha expressão séria.
__Credo, claro que ele não broxou. E eu não lembro se foi
bom ou ruim. – Me olhei no espelho do banheiro soltando o cabelo que estava
preso em um coque frouxo.- Estava chapada, não lembro de nada.
__Chapada de que? – Ashley suspirou, sabia que ela temia que
eu tivesse usado alguma droga e também sabia que ela não aprovava isso.
__Bebida ué, eu estava bêbada. – Menti desviando meu olhar
dela.
__O que você usou ontem?
__Cocaína... Mas foi pouco, e foi só ontem. Eu estou limpa,
você sabe. – Disse em um tom baixo.
__Eu espero que esteja. – Ela disse fria. – Se arruma logo,
temos que ir.
P.O.V Justin
_Não da pra continuar desse jeito Ryan, é a segunda vez
nesse mês que esses seus capangas imprestáveis quase estragam tudo! – Gritava
no telefone com Ryan e ele falava em um tom calmo e brisado, o que me irritava
mais ainda. Tanto tempo pra se drogar e tem que ser justo quando eu estou
tentando resolver um problema sério?
__Relaxa Drew, não
haverá uma próxima vez.
__Claro que não haverá, porque se você e o Chaz vacilarem de
novo, eu arranco o pinto de vocês fora, e ainda meto fogo nessa farinha que
vocês chamam de cocaína!
__Vai desmerecer agora porra? Já disse que não vai ter mais vacilo
mano, relaxa aí.
__Meu pai tá na minha cola, mais
uma falha dessas e ele descobre todos os nossos esquemas, e tenho certeza que o
‘’governador’’ não vai querer saber que tem um filho quase traficante.
__Vou passar o recado. Tenho outra ligação, vou desligar.
__EU AINDA NÃO ACABEI SEU PORRA!
– Gritei, mas ele já tinha desligado o telefone.
Relaxei na cadeira do escritório
esticando os braços. Chaz e Ryan já estavam me fazendo desistir da nossa
sociedade. Eles sempre davam algum furo no carregamento das drogas e sempre
sobrava para eu limpar o nome deles antes da polícia investigar. Eu investia
muito mais que dinheiro na máfia deles, investia o nome do meu pai e a imagem
do governador era uma coisa muito preciosa para se sujar.
__Filho! Você ainda está trancado
aí? – Minha mãe batia na porta freneticamente. Revirei os olhos e abri dando de
cara com a coroa chorando.
__O que aconteceu mãe?
__Eu e seu pai vamos viajar de
novo. – Ela disse com uma voz chorosa, ver mulher chorar me irritava pra
caralho, mas quando era minha mãe, me incomodava muito mais.
__E daí? Relaxa dona Pattie, eu
sei me cuidar.
__Não é isso filho, é que vamos
passar mais tempo fora dessa vez e... Por favor, não faça nenhuma besteira! –
Ela me abraçou e depois se afastou para poder me olhar nos olhos. – Me promete
Justin, promete que não vai se drogar, beber demais ou ir naquelas bocas de
fumo enquanto eu estiver fora.
__Você não manda mais na minha
vida mãe, eu tenho 22 anos. – Soltei o ar dos pulmões em um suspiro pesado.
__Por favor, Justin. – Ela
começou a chorar cada vez mais.
__Eu prometo que não vou me
drogar mãe. – Revirei os olhos e dei um beijo em sua bochecha. Depois subi para
o meu quarto.
Toda a correria que o último
carregamento de drogas me proporcionou me fez ficar tenso e até com as costas
doloridas. Precisava relaxar um pouco, beber um pouco, foder um pouco. Me
joguei na cama e fiquei assistindo um jogo de basquete até pegar no sono.
Acordei com uma mensagem de Ryan
dizendo para eu encontrar ele e os moleques em uma boate. Tomei um banho rápido e logo cheguei à boate
em que eles estavam, era um lugar chique, mas nada surpreendente. Muitas vadias
dançando na pista, muitos velhos babões, várias dançarinas gostosas por todos
os lados, era uma das minhas visões favoritas. Peguei uma bebida de uma loira
gostosa que estava passando e fui até o camarote onde os meninos estavam.
__Salve Drew! – Chaz gritou, ele
estava sentado em um sofá rodeado de vadias. Ryan já não estava mais por ali e
dos outros caras só reconheci Chris e Drake.
Estava começando a ficar
entediado naquele lugar, a música era péssima, a bebida não estava mais me
satisfazendo, a droga não parecia de qualidade e não achei nenhuma vadia
interessante o suficiente pra aliviar minha noite. Do nada Ryan apareceu com
uma cara de quem tinha gozado umas três vezes só essa noite e um sorriso de
orelha a orelha.
__Justin! Maluco, você tem que
experimentar a stripper particular, se eu já fui mais feliz do que sou agora eu
não me lembro! – Ri da cara de otário que ele fez a cada palavra pronunciada e
balancei a cabeça.
__Acho que não, não sou muito
dessa de puta barata.
__Meu irmão, eu não quero saber
se ela é puta ou filhinha de papai, mas que ela vai te deixar maluco, ah vai
sim! – Chaz entrou na conversa se intrometendo fazendo a mesma cara de otário
de Ryan e Drake confirmou a fala dele.
__Vou ver se ela é tudo isso ou se
vocês estão muito chapados mesmo. – Deixei meu copo em cima de uma mesa e fui
até a cabine de uma das strippers particulares.
__Quero ver se você é tão boa
quanto parece.- Falei procurando a vadia pela cabine e senti dois braços
envolverem meu pescoço.
__Pode apostar que sou. – Ela
sussurrou no pé do meu ouvido e eu me arrepiei na hora. Cacete!
Me virei para ter uma imagem
completa dela e dei de cara com uma morena com grandes olhos castanhos e
aqueles peitões saindo pra fora. Me perderia fácil aquela noite, com certeza.
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Oi amores ! Finalmente postei a fic nova, yaaaay !
1- Espero mesmo que vocês gostem, ela é totalmente diferente do que eu estava costumada a postar, mas eu estou muito animada com ela !
2- Eu sei que o Blog está horrível, mas como muita gente queria que eu postasse rápido, fiz ele assim mesmo, com o tempo as coisas vão se ajeitar, prometo.
3- Quero agradecer de coração a todas que me apoiaram e me encorajaram a continuar a fic, e principalmente a Gabi (@thisjelena) por me ajudar com o Blog ! Voces são lindas !!
4- E por último, como parei de postar no Nyah, tenho certeza que vou perder muitas leitoras de lá, então ajudaria muito se voces divulgassem minha nova fic !
Beijinhos, esperem que gostem e comentem !
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